Chile terá busca por desaparecidos da ditadura Pinochet

Golpe militar durou 17 anos e fez mais de 40 mil vítimas, muitas das quais permanecem desaparecidas três décadas depois

Boric durante cerimônia em que se comprometeu com movimentos de busca de desaparecidos políticos.

Neste domingo, dia 11 de setembro, o Chile completou 49 anos do golpe militar dado pelo ditador Augusto Pinochet, que derrubou o então presidente chileno Salvador Allende, que se declarava socialista. A ditadura no país durou 17 anos — até 1990. Neste período, 40.175 chilenos foram vitimados, entre execuções, desaparecimentos, prisões políticas e torturas.

Diante da data, o atual presidente do país, Gabriel Boric, anunciou que vai buscar elucidar o que aconteceu com as vítimas das atrocidades daquela ditadura. Para isso, faz parte do plano buscar o paradeiro de 1.192 presos que desapareceram no período, por meio de um trabalho conjunto com organizações de familiares de desaparecidos e mortos durante o regime militar. “Isso não é aceitável, não é tolerável, não é algo que podemos naturalizar”, afirmou o presidente. 

“Recordamos também hoje aqueles que desapareceram sem saber o seu paradeiro, aqueles que sofreram perseguição, humilhação e exílio, aqueles que nos longos anos da ditadura civil e militar foram vítimas de repressão apenas por terem se identificado com um governo democraticamente eleito que procurava o melhor para a pátria. Aqueles que, perante esse horror, lutaram para recuperar a nossa democracia”, prosseguiu. 

Disse ainda que esse compromisso é de avançar na verdade, na justiça e na reparação de todas as vítimas de violência perpetrada por agentes do Estado. “Porque essa é a única e principal garantia que podemos oferecer de que isso não se repetirá”, completou Boric. 

Em janeiro, ainda na gestão de Sebastián Piñera, o governo lançou um projeto que prevê acelerar a busca por bebês sequestrados no regime, fazendo aportes de dinheiro e comprando kits de DNA para que organizações que se dedicam a essa procura realizem seu trabalho.

A organização Hijos y Madres del Silencio (Filhos e Mães do Silêncio) se dedica, desde 2014, a identificar menores sequestrados nos anos 1970. A entidade afirma que busca pelo menos 579 bebês desaparecidos no início da ditadura.

O lançamento do plano, no domingo, com visita de Boric e ministros ao túmulo de Allende, marcou o início das solenidades para o 50º ano do golpe, em setembro do ano que vem.