Estudo inédito mostra que não há indício de fraude nas eleições de 2018

Com base em cinco modelos matemáticos, pesquisadores da UFPE e Oxford demonstraram novamente que mentiras sobre o último pleito presidencial não têm nenhuma evidência concreta

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Um novo e robusto estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) durante pós-doutorado na Universidade de Oxford desmente, mais uma vez, a ladainha bolsonarista de que os sistema eleitoral brasileiro não é confiável. Utilizando cinco testes matemáticos simultaneamente, a análise demonstra que não foi encontrada nenhuma evidência de irregularidade na contagem de votos das eleições de 2018. 

O resultado vai ao encontro do que tem defendido o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outros pesquisadores da área e desmonta uma das fake news favoritas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus seguidores. O ano escolhido para o estudo, aliás, deve-se justamente ao fato de ser um momento ímpar na história eleitoral brasileira, uma vez que o vencedor do pleito foi justamente quem quis questionar — sem nunca ter conseguido apresentar nenhuma prova — a lisura do sistema. Vale lembrar ainda que Bolsonaro já havia sido eleito cinco vezes deputado federal, e seus filhos também foram eleitos para cargos parlamentares — pelo mesmo sistema ao longo de mais de duas décadas. 

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“Quando dados são manipulados de forma intencional, isso pode ser detectado por métodos estatísticos, porque deixa rastros”, explicou ao site BBC Brasil o coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPE, Dalson Figueiredo. 

Ele acrescentou ainda que “não é impossível alguém fraudar [um pleito] antecipando algum desses testes. Mas fazer isso com diferentes testes, que têm diferentes pressupostos, é praticamente impossível”. Além disso, apontou, isso “exigiria um conhecimento matemático fora do normal, uma capacidade computacional muito avançada e que isso fosse feito de forma sistemática, envolvendo urnas de todo o Brasil, sem deixar nenhum rastro. Não vou dizer que é impossível, mas exigiria uma conspiração de nível hollywoodiano, com muita gente envolvida.”

Conforme explicou o site, os cinco modelos matemáticos usados na pesquisa são Lei de Benford do segundo dígito; média do último dígito; análise de frequência dos últimos dígitos 0 e 5; correlação entre o percentual de votos válidos recebido pelo candidato vencedor e a taxa de participação e densidade de Kernel reamostrada da proporção de votos válidos.

O estudo foi publicado no dia 7 de setembro no periódico científico Forensic Science International: Synergy, dedicado à ciência forense. Os pesquisadores já planejam aplicar a mesma metodologia para avaliar os resultados deste ano. 

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Bolsonaro vem questionando o pleito de 2018 desde que o venceu, sob o argumento de que se não fosse a suposta fraude, teria vencido em primeiro turno. De lá para cá houve várias investidas do presidente contra as urnas eletrônicas que foram desde discursos recheados de inverdades até ataques ao TSE e proposta de voto impresso, arquivada na Câmara. No entanto, até hoje, nem Bolsonaro nem nenhum de seus apoiadores apresentou qualquer prova concreta de que teria havido fraude. 

Mesmo em meio à forte artilharia bolsonarista contra as urnas, uma pesquisa do Datafolha mostrou que a confiança da população no sistema cresceu de 73% em maio para 79% no final de julho deste ano. Ainda assim, Bolsonaro segue atacando o sistema. Na mais recente investida, durante viagem do presidente a Londres para o funeral da rainha Elizabeth II, Bolsonaro declarou: “Eu digo, se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE, tendo em vista obviamente o data povo, que você mede pela quantidade de pessoas que não só vão nos meus eventos, bem como nos recepcionam ao longo do percurso até chegar ao local do evento”.