Inflação dos alimentos, a perversa marca do governo Bolsonaro

Em 12 meses, diversos produtos da cesta básica acumularam aumentos elevados. É o caso da cebola (inflação de 127% em um ano), do café (37%), do leite (37%) e da farinha de trigo (35%).

Foto: Roberto Parizotti

Mesmo registrando deflação há três meses, o Brasil ainda não se livrou da alta no preço dos alimentos. Considerada uma das mais perversas marcas do governo Jair Bolsonaro (PL) – que desdenhou do problema –, a carestia é também um dos fatores que praticamente inviabilizam a reeleição do presidente.

Nos últimos 12 meses, conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), houve uma inflação acumulada de 7,17%. Com os alimentos, porém, a alta acumulada é quase duas vezes maior – o que impacta sobretudo as camadas mais pobres da população.

Não por acaso, conforme o Ipec, Bolsonaro tem apenas 28% de intenções de voto entre os eleitores que ganham até um salário mínimo, contra 65% do ex-presidente Lula (PT). É o pior desempenho de Bolsonaro nos recortes da pesquisa por renda.

Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Pedro Kislanov, gerente do Ipca-IBGE, afirma que há bens duráveis até mais baratos hoje do que há um amo, como a televisão e o computador. No caso dos alimentos, nenhum produto analisado na pesquisa teve deflação em 12 meses.

“Os bens duráveis têm um comportamento mais estável na comparação. No começo da pandemia, houve uma demanda mais reprimida pelos bens duráveis e também na parte do setor de serviços”, diz Kislanov. “Essa demanda foi sendo retomada aos poucos, principalmente com a melhora do cenário da pandemia.”

Os alimentos, porém, não se beneficiaram diretamente do refluxo da crise sanitária e seguem com preços altos, já que a demanda sofre poucas oscilações. “Os preços podem subir, e as pessoas substituem um produto mais caro por outro um pouquinho mais barato”, explica a professora Juliana Inhasz, do Insper. “Na média, elas continuam consumindo o mesmo tanto de alimento.”

O encarecimento dos produtos da cesta básica se iniciou em 2020, já durante a pandemia de Covid-19 – e até hoje não foi inteiramente revertida. A carestia se agravou em 2021.

Nos últimos 12 meses, mesmo com o registro pontual de deflações, diversos produtos da cesta básica acumularam aumentos elevados. É o caso da cebola (inflação de 127% em um ano), do café (37%), do leite (37%) e da farinha de trigo (35%).

O programa de Lula dá ênfase às medidas de combate à carestia e à fome. “Trabalharemos de forma incansável até que todos os brasileiros e as brasileiras tenham novamente direito ao menos a três refeições de qualidade por dia”, aponta a plataforma da coligação Brasil da Esperança.

Entre as propostas de Lula, consta a retomada do Bolsa Família. O beneficiário receberá R$ 600 por mês, com acréscimo de R$ 150 para cada criança com até seis anos. Para garantir comida mais barata, o programa prevê apoio aos pequenos produtores e a volta do estoque de alimentos.

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