Professores apoiam Lula em defesa das universidades, ciência e tecnologia

Um ato público reuniu mais de mil professores(as), pesquisadores(as), parlamentares, defensores da retomada do respeito e do investimento público em educação superior, ciência e tecnologia

Foto: Dalwton Moura/Arquivo Pessoal

Uma grande manifestação de apoio a Lula e à campanha do campo democrático, progressista e popular, contra a candidatura das armas, do ódio e do golpismo, tomou conta do anfiteatro da Volta da Jurema, na avenida Beira-mar, em Fortaleza, no final da tarde desta segunda-feira, 24/10.

Um ato público reuniu mais de mil professores(as), pesquisadores(as), parlamentares, defensores da retomada do respeito e do investimento público em educação superior, ciência e tecnologia como forma de melhorar o País por meio da pesquisa científica, gerar mais conhecimento e mais empregos e oportunidades, fortalecer a comunidade acadêmica brasileira no país e seu reconhecimento e intercâmbio com o exterior.

O ato foi organizado por professores e professoras e contou com a participação de pesquisadores atuantes em instituições como a Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Estadual do Ceará (Uece), Universidade Federal do Cariri (UFCA), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab, criada no governo Lula), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE, que ganhou cerca de 20 novos campi no Interior do Ceará durante os governos Lula e Dilma).

Todos se uniram ao fim da tarde no belíssimo cenário da Volta da Jurema, no anfiteatro localizado com vista do por do sol e dos “verdes mares bravios” de Fortaleza. A brisa e a paisagem acolheram os participantes da manifestação que reforçou o apoio a Lula 13, com as arquibancadas do anfiteatro sendo completamente tomadas pelo vermelho das roupas e das bandeiras.

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No palco, professores como Tarcísio Pequeno, Mauro Oliveira, René Barreira, Henry Campos, Custódio Almeida (reitor legitimamente eleito pela comunidade acadêmica da UFC, mas preterido pelo presidente da República em favor de outro candidato que teve votação ínfima mas cumpriu o “requisito” de ser “bolsonarista”), entre vários outros e outras. Fotos e vídeos foram produzidos para reforçar o apoio dos pesquisadores e pesquisadoras à campanha de Lula no Ceará, que tem como meta ampliar a já expressiva votação que o ex-presidente obteve no estado no primeiro turno: quase 66% dos votos no estado, mesmo com a presença do cearense Ciro Gomes na disputa.

Em defesa da ciência, da pesquisa, da tecnologia

Ex-secretário estadual de Ciência e Tecnologia e ex-senador pelo Ceará, Inácio Arruda (PCdoB) parabenizou a todos por “sair das salas de aula e dos laboratórios para vir dizer sim ao Brasil, sim à ciência”.

Deputada federal reeleita que, caso o ex-presidente vença as eleições, estará na base de apoio a Lula no Congresso Nacional, Luizianne Lins (PT) parabenizou Custódio Almeida, “nosso reitor eleito verdadeiramente”. E denunciou: “Esse governo falou todos os dias de uma forma muito pesada contra a ciência e a tecnologia. Bolsonaro vetou parte da lei que dizia ser proibido contingenciar recursos dessa área, e isso voltou pro Congresso”, destacou.

“Ele também fez a Medida Provisória 113, que bloqueia bilhões de recursos para o fundo Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico. E cria um teto de gastos que não existia anteriormente, para o investimento em pesquisa, ciência e tecnologia”, alertou.

“Nosso mandato nesses últimos anos ajudou muito a UFC, os IFs, a Unilab, a URCA, com emendas pra universidade poder caminhar, que ela já estava muito mal das pernas. Mas a gente não pode querer é que a universidade, a pesquisa, a ciência e a tecnologia de um País sobreviva de emendas parlamentares. O Brasil sofre o maior retrocesso na área de pesquisadores, desde a Nova República”, comparou.

Todos firmes na campanha, nesta reta final

Foto: Dalwton Moura/Arquivo Pessoal

Luizianne conclamou os participantes do ato público a reforçar ainda mais a campanha nesta reta final. “Queria pedir que cada um e cada uma aqui, formadores de opinião, que estão em sala de aula todo dia conversando, que cada voto que a gente consiga trazer, principalmente dos que não foram votar no primeiro turno, mais de 20% de abstenção. Essas pessoas precisam ser chamadas à responsabilidade sobre qual é o Brasil que queremos após 30 de outubro: o Brasil do obscurantismo ou o Brasil se reencontrando com sua ciência, sua tecnologia”, ressaltou.

“Votar no dia 30 vai ser nossa arma contra o ódio, a misoginia, a LGBTfobia, o racismo, o preconceito, a destruição da floresta amazônica, da vida das mulheres, ad vida da população negra, indígena, quilombola. O Brasil que começou a se reconhecer a partir de 2002”.

Pela ciência e pelos que passam fome

O professor Custódio Almeida destacou que, após lutar muito pela eleição de Lula e do campo democrático, será preciso lutar “para reconstruir a ciência e a tecnologia”. “É papel nosso, como cientistas, dar as mãos a esse governo pra que a gente possa reconstruir este país. Que a gente possa sair nas ruas podendo ser diferente. Sonhar com o Brasil como 6º PIB do mundo outra vez, e com distribuição de renda, em vez daqueles que estão hoje passando fome nas ruas”.

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“A gente tem que se mobilizar pra que nas nossas ruas, debaixo dos viadutos, não tenha mais ninguém passando fome. Pra fazer esse país ser exemplo para o mundo”, enfatizou Custódio. “Por isso a gente tá aqui. Pra ganhar voto, ganhar a eleição e sustentar o governo depois da eleição. Viva o presidente lula, viva a democracia, viva todos nós!”.

Para que os jovens não queiram sair do Brasil

O professor Antônio Gomes, da UFC, integrante da Academia Brasileira de Ciência, lembrou que em recente pesquisa mais de 60% dos jovens brasileiros consultados afirmaram sonhar em sair do País. “Me perguntaram que argumentos eu usaria para convencer alguém em votar no Lula. Posso dar dois argumentos. Lula foi capaz de criar mais oportunidades pra vários jovens. Sou de uma geração em que quem estava fora do País queria voltar pro Brasil. Hoje a gente vive a situação inversa, com os nossos jovens querendo ir embora do Brasil”, contrapôs.

“Outra coisa que sempre falo também para os jovens: foi o governo Lula, depois o governo Dilma, que colocou diversos grupos que eram apenas assunto de estudo, na universidade, dentro da universidade, pra estudar e gerar conhecimento. Dia 30, Lula presidente, pro Brasil ser feliz de novo”.

“Com ações todos os dias, seremos vitoriosos”

Deputado estadual pelo PSol, Renato Roseno agradeceu a todos que amam e lutam pela democracia, pela educação e pela ciência, destacando a importância da pesquisa para o retorno à convivência presencial. “Todos que estamos aqui estamos aqui depois da maior pandemia das nossas gerações e estamos aqui vivos e vacinados, graças ao serviço público, à saúde pública e à ciência. Estamos vivos porque a ciência, num tempo desafiador, permitiu que tivéssemos vacina, mesmo contra o negacionismo de um presidente genocida”.

“E essa vacina chegou ao braço de cada brasileiro e brasileira graças ao serviço público. A minha palavra é de gratidão, porque neste exato momento há muitos professore se professores, profissionais das diversas áreas, que no sertão do Ceara, no semiárido mais populoso do planeta, tiveram condição de cursar no campus de um IF a sua melhor experiência educacional. Depois tiveram bolsa pra chegar na universidade. E tiveram condições com o Ciência Sem Fronteiras de ter a maior experiência de suas vidas, com uma pós-graduação fora do País”, ressaltou.

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“Quero agradecer a vocês que permitiram a maior expansão, no nos anos de Lula e Dilma, a maior expansão de campi universitários, com um impacto gigantesco na vida de jovens do Brasil. Quero agradecer a vocês, como servidor público, porque derrubamos a PEC 32 e não vamos deixar que ela volte. Quero agradecer a cada um da educação, da ciência e tecnologia. A resistência de cada um que durante a pandemia fez educação, fez ciência”.

“Neste momento vamos contra a ameaça fascista, porque todos os fascismos são anti-iluminismo, anticiência. Não à toa escolheram a educação, a arte, a ciência como seus principais inimigos. E nós estamos vivos e valentes. Corajosos e esperançosos. E seremos vitoriosos, nessa quadra histórica. Por isso quero agradecer a cada um e cada uma. Seremos vitoriosos. Precisaremos de muita ciência e tecnologia, pra superar as intimidações, pra levar a arte e a cultura, pra acabar com as intervenções nas universidades federais e garantir a autonomia, o orçamento, a mobilidade”.

“Nós precisamos ganhar. Esse é o imperativo das nossas vidas. Portanto, ao lado da gratidão, quero fazer aqui duas provocações: não vamos descansar até o dia da vitória. Pergunte-se nos próximos poucos dias: ‘O que vou fazer hoje pra derrotar a vitória do fascismo e a vitória da democracia?’.

“Quero terminar com Paulo Freire, para quem esperança não é substantivo, esperança é verbo. Vamos com educação, com arte, com paixão pelo conhecimento e pela vida. Um beijo! É Lula presidente!”.

Cultura e ciência

Luisa Cela, uma das gestoras da Secretaria da Cultura do Ceará, apontou que, assim como a cultura, a ciência foi outra área extremamente criminalizada durante o governo atual. “É muito importante reunir aqui professores, cientistas na defesa de um governo que sabemos que é o único capaz de reconstruir o Brasil. Então é muito importante a gente vir aqui, mas tão importante quanto é de hoje até o próximo domingo estarmos com os carros adesivados, com adesivo no peito, conversando com as pessoas”.

“Esta semana vai ser decisiva. A eleição não está dada. A gente sabe que o outro lado é capaz de todo tipo de aberração e violência. Então é muito importante que a nossa militância esteja nas ruas, conversando com as pessoas. Todo dia agora é dia de falar do Lula e buscar votos. Viva a ciência, viva o Brasil”.

Contra o racismo e por uma universidade inclusiva

Professora da Uece, Zelma Madeira ressaltou a importância do movimento de professores e professoras em prol de Lula, para os pesquisadores do racismo. “Está insuportável a dinâmica do racismo na sociedade atual. Precisamos de respeito à ciência, aos Neabis. Precisamos de uma universidade inclusiva e diversa. Só assim vamos nos reerguer. Negros, negras, indígenas, tudo isso numa ambiência democrática. Só podemos dar conta desse viés inclusivo a partir de um governo democrático. Por isso estamos com Lula e vamos votar por esse retorno, pela dimensão inclusiva da universidade”, frisou. “Dia 30 estaremos votando pela democracia, em Lula”.

Pela população LGBTQIA+

A professora Luma de Andrade ressaltou a importância da participação da população LGBTQIA+ nas decisões sobre políticas públicas, incluindo aquelas relativas às universidades, à ciência e à tecnologia. “Somos nós, mulheres travestis, transexuais, que devemos dizer o que deve ser feito. Nada sobre nós, sem nós. Nada sobre nós, sem nós!, conclamou.

Seis dias para eleger Lula presidente

Presidente da Adufc Sindicato, que representa os professores e professoras das universidades federais no Ceará, Bruno Rocha destacou a alegria de encontrar tantos colegas, de várias universidades, para se manifestar em defesa da ciência e da tecnologia. “Mas queria lembrar a vocês um chamado que várias vezes passou por esse microfone hoje à noite. Temos seis dias! Seis dias pra trabalhar pra eleger o Lula presidente. Não temos que descansar um único minuto. Temos que garantir a existência das universidades e institutos federais. Esse é o nosso trabalho. Estamos aqui não só pra defender a educação, a ciência e a tecnologia, mas um modo de fazer o serviço público, que está sob ataque do governo Bolsonaro”, ressaltou.

“Temos compromisso de garantir, como servidores, que o serviço público não seja destruído. Então esse é um convite. Tem material aqui. E este é um chamado a nos próximos dias trabalharmos ao máximo pra eleger Lula presidente”.

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