Lula vota e diz que brasileiro vai escolher projeto que defende a democracia

O ex-presidente disse que a importância desta eleição está no modelo de Brasil que o eleitor vai escolher para sua vida.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votou hoje pela manhã em São Bernardo do Campo (SP), na região metropolitana de São Paulo e disse acreditar que a eleição mostrará qual “modelo de Brasil” o eleitor quer.

Ele chegou à Escola Estadual Dr. Firmino Correia de Araújo, no bairro Assunção, por volta das 9h, acompanhado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice. Este é o mesmo local em que Lula vota desde a primeira eleição da redemocratização, em 1989. Ele beijou o comprovante de votação.

“Hoje, possivelmente, seja o dia 30 de outubro mais importante da minha vida. E acho que é um dia muito importante para o povo brasileiro porque hoje o povo está definindo o modelo de Brasil que ele deseja, o modelo de vida que ele quer”, declarou Lula, neste domingo.

O ex-presidente disse ter fé que os eleitores vão escolher um projeto que defende a democracia. “As pessoas vão voltar a viver com cidadania e toda a decência que a cidadania deve ter. Nova vida será estabelecida nesse país, para as pessoas voltarem a sorrir, a brincar, porque ser bom é melhor do que ser mau. Peço a Deus que seja um dia de paz, um dia tranquilo para que as pessoas votem com tranquilidade e no final esperamos que possamos respeitar o resultado final”.

“Eu quero que as famílias voltem a conversar, quero que os vizinhos voltem a conversar, as pessoas não precisam pensar politicamente do mesmo jeito, ter o mesmo time, a mesma religião, as pessoas precisam voltar a se olhar com respeito”

Na saída da seção eleitoral, Lula falou com os jornalistas e comentou sobre a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP), que ontem apontou uma arma para um homem negro no Jardins, bairro nobre de São Paulo. Lula afirmou que a cena é grotesca. No vídeo, Zambelli atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada. Ela afirmou ter sido agredida e empurrada pelo homem, o jornalista Luan Araújo.

“O que nós vimos ontem, mostrado por uma deputada, é o Brasil que nós não queremos”.

“Nós estamos lutando para viver em um país civilizado, onde as pessoas se respeitem, onde uma deputada não precise andar armada e saia correndo atrás do cidadão. Foi uma cena grotesca no dia das eleições em que as pessoas não podiam andar armadas.”

Lula lembrou ainda o caso de Marina Silva. A deputada eleita sofreu agressões verbais enquanto jantava em um restaurante em Belo Horizonte durante uma viagem junto à comitiva petista.

“Ela foi ofendida e foi até uma delegacia prestar depoimento. É simples”, disse o ex-presidente, fazendo um comparativo entre as parlamentares.

Lula ainda comentou que gostaria que a transição de governo fosse igual aquela que FHC permitiu que na passagem para eu governo, em 2002. “Mas, a transição é para você ter todas as informações do funcionamento da máquina do governo e eu espero que o governo seja civilizado para fazer uma boa transição.”

O ex-ministro Fernando Haddad (PT), candidato ao governo de São Paulo, a esposa Janja da Silva e os deputados eleitos Marina Silva (Rede-SP), Guilherme Boulos (PSOL-SP) e André Janones (AV-MG) também acompanharam o petista. Fora da escola, mais de 150 jornalistas, da imprensa brasileira e internacional acompanharam a votação.

Agora, o ex-presidente deverá voltar para casa, na zona oeste da capital, onde acompanhará a pré-apuração. No meio da tarde, pouco antes do fechamento das urnas, o ex-presidente vai para um hotel próximo à Av. Paulista, na região central, reservado para seu comitê e acompanhamento de imprensa.

Diferentemente do primeiro turno, o PT não fez pedido de reserva da avenida, seis grupos de apoiadores de Bolsonaro fizeram. Mas há uma espécie de acordo tácito de que quem vencer ocupe a avenida, como ocorre tradicionalmente.

Autor