São Paulo elege governador bolsonarista, Tarcísio de Freitas

Candidato ganhou apesar de morar no estado apenas para justificar o domicílio eleitoral, e sem nunca ter disputado uma eleição.

Tarcísio de Freitas, eleito governador de São Paulo

Com 99,33% das urnas apuradas no Estado de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi eleito governador com 55,30% dos votos contra 44,70% de Fernando Haddad (PT). A diferença foi de dois milhões e meio de votos, com abstenção de 21% dos eleitores.

Tarcísio disputa uma eleição pela primeira vez. Também é a primeira vez que o Republicanos, partido fundado por bispos da Igreja Universal do Reino de Deus, chega ao comando do estado mais rico do país, que estava sob o domínio do PSDB há 28 anos.

Em sua corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, ele mobilizou uma rede de cerca de 500 prefeitos dos 645 municípios paulistas — a maioria desses políticos estava com o candidato à reeleição derrotado Rodrigo Garcia, no primeiro turno. Ele tem dito que vai manter parte do PSDB na máquina do estado.

A possível privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e a retirada das câmeras nas fardas de policiais militares são alguns dos compromissos mais polêmicos da campanha de Tarcísio.

Um dos momentos mais tumultuados da campanha do bolsonarista foi o suposto tiroteio ocorrido na comunidade de Paraisópolis, durante uma agenda eleitoral. O pedido para um cinegrafista apagar imagens da confusão, acompanhado da presença de agentes de inteligência do governo federal e depois pedido de demissão do profissional, assim como a morte com suspeitas de execução de um morador da favela, complicaram a reta da final de campanha.

Perfil

Com 17 anos de carreira no Exército, 14 anos como servidor público federal e ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro desde a posse do presidente, em janeiro de 2018, Tarcísio nunca morou no estado. Ele definiu seu domicílio eleitoral em São José dos Campos, meses antes da eleição, conforme exigência judicial.

O governador eleito nasceu no Rio de Janeiro e tem 47 anos. Morou em Brasília em parte da infância e na adolescência e, aos 17 anos, morou por um ano em Campinas, quando cursou o último ano do ensino médio na escola preparatória de cadetes do Exército. Apesar de ter domicílio eleitoral recente em São José dos Campos, ele nunca morou na cidade do Vale do Paraíba.

Em 1996, se formou em ciências militares pela Academia Militar de Agulhas Negras (Aman) e passou a atuar como oficial do Exército. Em 2002, concluiu a graduação em engenharia civil e tornou-se engenheiro do Exército.

Deixou a carreira militar em 2008, com a patente de capitão, e entrou para o funcionalismo público federal. Foi diretor-executivo e diretor-geral do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), além de ter atuado como secretário da Coordenação da Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos, durante os governos de Dilma Rousseff e Michel Temer.

Em dezembro de 2018, foi nomeado ministro da Infraestrutura pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), onde ficou até este ano. Sua gestão foi marcada por delegação das responsabilidades para empresas privadas, pois fez 81 pregões de privatizações (de aeroportos, terminais portuários, ferrovias e rodovias).

Em março de 2022, se filiou ao Republicanos, partido do Centrão que integra a base do governo do presidente no Congresso e encarou sua primeira campanha eleitoral. Além do perfil técnico, para ganhar votos no estado se aproximou do discurso do padrinho político, o presidente Jair Bolsonaro (PL), e defendeu pautas como o direito de não se vacinar e a redução da maioridade penal.

Sua coligação é a São Paulo Pode Mais, formada pelos partidos Republicanos, PL, PSD, PTB, PSC e PMN. Seu vice é o ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth (PSD).