Economista classifica como “maldita” a herança fiscal de Bolsonaro

Bernard Appy, que esteve no Ministério da Fazenda nos governos Lula, diz que área tributária deixada por Bolsonaro é diferente da que foi deixada por FHC.

Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O economista e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda nos governos Lula (PT), Bernard Appy, classificou, em entrevista à Folha de São Paulo, a herança fiscal que será deixada por Jair Bolsonaro (PL) como “herança maldita”.

A situação encontrada difere da que foi recebida pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando Lula assumiu a presidência pela primeira vez.

O economista explica que o governo Bolsonaro adotou medidas que aumentaram despesas e reduziram receitas que impactaram em quase 4% do PIB (350 bilhões de reais). No entanto, esse déficit consegue ser mascarado pela alta das commodities, que, em termos normais, revelaria o rombo nas contas.

Ele também coloca que na época de FHC o ajuste fiscal tinha sido realizado e que o bastão passado para o governo Lula teve uma herança positiva nesse sentido, diferente do que irá ocorrer agora.

 Segundo Appy, à Folha, uma reforma tributária beneficiaria o setor industrial, que é o mais prejudicado atualmente pelas distorções que reduzem a competitividade. No entanto, o governo precisará mostrar para a sociedade e para o Congresso os benefícios que traria para o Brasil.

Para uma eventual reforma, Appy defende uma alíquota “uniforme na tributação de bens e serviços” como forma de tributar os mais ricos que consomem mais serviços, hoje com menos tributação.  Outro ponto seria oferecer devolução de impostos para famílias de baixa renda, em um formato de isenção que permitiria equilibrar as desigualdades que oneram os mais pobres.

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