Queda de renda familiar amplia desigualdade racial no Brasil, diz IBGE

Em 2021, a taxa de informalidade entre brancos era de 32,7%; entre os pretos 43,4% e pardos 47%. Essa diferença acompanha toda a série do estudo.

Em 2020, negros ganhavam em média 48,0% menos que brancos; em 2021 lacuna se ampliou para 49,4% | Imagem: Reprodução/Carlos Barria

A segunda edição do estudo “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil”, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta sexta-feira (11), mostra que a superação das desigualdades raciais no Brasil, em suas variadas dimensões, é um grande desafio.

Em 2021, considerando-se a linha de pobreza monetária proposta pelo Banco Mundial, a proporção de pessoas pobres no país era de 18,6% entre os brancos e praticamente o dobro entre os pretos (34,5%) e entre os pardos (38,4%).

A desocupação, a subutilização e a informalidade também atingem mais pretos e pardos do que os brancos. Em 2021, as taxas de desocupação foram de 11,3% para os brancos, de 16,5% para os pretos e de 16,2% para os pardos. No ano anterior, esses percentuais foram de 11,1%, 17,4% e 15,5%, respectivamente. A taxa de informalidade da população ocupada era 40,1%, sendo 32,7% para os brancos, 43,4% para os pretos e 47,0% para os pardos.

Ao olhar o rendimento médio, a diferença é ainda maior. Em 2021, considerando a linha de R$ 486 mensais por pessoa, a taxa de pobreza dos brancos era de 18,6%. Já entre pretos o percentual foi de 34,5% e entre os pardos, 38,4%. Na linha da extrema pobreza, com R$ 168 mensais por pessoa, as taxas foram 5,0% para brancos, contra 9,0% dos pretos e 11,4% dos pardos. Ou seja, os pretos e pardos são praticamente o dobro dos brancos.

“A população preta e parda está inserida normalmente em ocupações de maior vulnerabilidade social, com rendimentos menores, enfim, com trabalhos menos formalizados também. Há uma proporção maior de população preta e parda informal também no mercado de trabalho e isso se reflete em menores rendimentos”, explica André Simões,  analista da Gerência de Indicadores Sociais do IBGE.

O acesso à educação, políticas públicas, ao mercado de trabalho. Quanto mais portas se abrem, maiores são as oportunidades que a população negra tem para se mover dentro da estrutura social.

“A gente fala também sobre mobilidade social por meio de dar oportunidades de educação para que você consiga ter uma maior inserção de pessoas negras em profissões que são mais bem remuneradas. Então, tem uma série de fatores, na moradia, na educação, no mercado de trabalho, que são fundamentais para quebrar o ciclo de exclusão desse elevador de mobilidade social no Brasil”, explica Thiago Amparo, professor de Direito da FVG.

O estudo do IBGE foi feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e apresenta uma análise focalizada nas desigualdades sociais por cor ou raça, a partir da construção de um quadro composto por temas essenciais à reprodução das condições de vida da população brasileira como mercado de trabalho, distribuição de rendimento e condições de moradia e educação. Para ver a íntegra, clique aqui.

__
com informações do IBGE

Autor