PF vai investigar crime ambiental e de genocídio contra povo Yanomami

O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou ampla investigação que pode atingir ex-dirigentes de saúde indígena, da Funai, ex-ministros e agentes públicos de alto escalão

Ajuda huminatária chegando aos Yanomami (Fotos: Luiz Cláudio e Bruno Pereira/Sesai/MS)

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) a fim de investigar crime ambiental e de genocídio contra o povo Yanomami. De acordo com ele, o garimpo ilegal causa violação grave de direitos humanos, poluição dos rios e nega o acesso dos povos originários a fontes naturais de alimento.

“Há fortes indícios de crime de genocídio”, disse o ministro. Já a diminuição de ações da saúde foi notificada pelos próprios indígenas na visita ocorrida no local, no último sábado (21) com a presença do presidente Lula.

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“Precisamos investigar a fundo a ação do garimpo ilegal na região e, também, essa retração nos serviços oferecidos pela Saúde.  Alguém mandou isso ocorrer? Foi uma medida intencional? Ou se trata de negligência, imperícia ou imprudência?”, questionou Flávio Dino.

O ministro esclareceu que o objetivo é fazer uma ampla investigação que pode atingir diversos ex-dirigentes de saúde indígena, ex-presidentes da Funai, ex-ministros e agentes públicos de alto escalão.

“Quem definirá isso será a Polícia Federal, mas os fatos mostram que houve omissão da alta administração federal”, assegurou o ministro.

As medidas do governo Lula de proteção aos Yanomami foram elogiadas no parlamento. O líder do PCdoB na Câmara, Renildo Calheiros (PE), elogiou a atuação do Executivo.

“O governo Lula já está agindo para debelar a crise humanitária na Terra Yanomami, em Roraima. O ministro Flávio Dino anunciou que vai instaurar um inquérito policial para apurar a situação por fortes indícios de genocídio”, avaliou.

“Isso já vale toda luta contra o ódio e para ter Lula presidente: Ele determinou ações integradas para salvar a vida das crianças Yanomami”, elogiou a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

Mortes

O Ministério dos Povos Indígenas divulgou que 99 crianças do povo Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. Os dados são referentes a 2022, e as vítimas foram crianças entre um e 4 anos. As causas da morte são, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia.

A pasta estima que ao menos 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome. Além disso, em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas estão entre os maiores de 50 anos, seguidas pelas faixas de 18 a 49 anos e de 5 a 11 anos.

Com informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública

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