Garimpeiros fogem, mas ministério teme novas invasões

A FAB iniciou controle do espaço aéreo Yanomami e usa aeronaves com radares superpotentes. Qualquer tipo de tráfego suspeito está sendo interceptado

Ministra Sonia Guajajara sobrevoou a região. (Foto: Gilvan Alves)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a operação de retirada dos 20 mil garimpeiros da Terra Indígenas (TI) Yanomami. Vídeos circulam na rede social com os infratores deixando o local, mas o Ministério dos Povos Indígenas teme novas invasões.

Na semana passada, a Força Aérea Brasileira iniciou controle do espaço aéreo e usa aeronaves com radares superpotentes nas áreas amarela (restrita) e vermelha (proibida). Qualquer tipo de tráfego suspeito está sendo interceptado para garantir que as regras sejam respeitadas.

“A preocupação é de que essa retirada não resulte novas invasões em outras áreas, como ocorreu há 30 anos”, publicou a pasta na sua conta oficial do Twitter.

A ministra Sônia Guajajara e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) se encontram em agenda na região. Neste domingo (5), ela sobrevoou a região de Homoxi, dentro da TI afetada pelo garimpo ilegal.

Leia mais: Como o governo Lula enfrentou o genocídio yanomami

As lideranças também participaram de uma reunião e visita à Casa de Saúde Indígena (Casai), a qual abriga centenas de indígenas que estão sendo atendidos para cuidados em combate ao triste cenário de crise sanitária.

A Comitiva vai continuar no local para acompanhar a operação de retirada dos garimpeiros e as ações para salvar as vidas dos indígenas.

Em nota, a Apib lembrou que foram mais de 20 denúncias sobre genocídio contra o povo yanomami e pedido de providências para a garantia da vida do povo Yanomami.

“Todas elas foram ignoradas pelo Governo Bolsonaro e contribuíram para embasar o recente decreto assinado pelo presidente Lula, que estabelece as primeiras medidas para retirada do garimpo ilegal do território Yanomami”, diz a entidade.

Nos últimos quatro anos o garimpo causou cerca de 570 mortes de crianças indígenas por doenças causadas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome entre 2019 e 2022.

De acordo com o ministério, quase cem crianças de um a quatro anos morreram em 2022. Já foram confirmados 22 mil casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, distribuídos entre 37 Polos Base.

As faixas etárias mais afetadas estão entre maiores de 50 anos, de 18 a 49 anos e 5 a 11 anos. “Tamanha tragédia comprova o projeto de extermínio conduzido pelo bolsonarismo, que visava destruir o povo indígena para entregar totalmente o território nas mãos da ganância do garimpo”, criticou a entidade.

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