8 de abril: Dia Internacional dos Povos Ciganos 

Os povos ciganos, em suas heterogêneas etnias, sofreram inúmeras perseguições e violências. Suas experiências denunciam que o racismo não é um tema ultrapassado.

Foto meramente ilustrativa

Em 1971, em Orpington na Inglaterra, ocorreu o 1º Congresso Mundial Romani. Este evento marcou a internacionalização acerca da questão cigana na Europa. A data do dia 08 de abril foi institucionalizada pela Organização das Nações Unidas (ONU).  No Brasil, o “Dia Nacional do Cigano”, dia 24 de maio, foi oficializado somente em 2006.

Os povos ciganos, em suas heterogêneas etnias, experienciou inúmeras perseguições e violências. Suas experiências denunciam que o racismo não é um tema ultrapassado. O racismo é um sistema de privilégios conferido às/aos brancas/os e, ao mesmo tempo, ativa posições fronteiriças entre as classes sociais e os gêneros.

O racismo destinado aos povos ciganos aprofundou-se com a emergência do capitalismo, sobretudo a partir da condenação à preguiça e à ociosidade comumente vinculadas aos povos ciganos. Neste cenário, as/os ciganas/os são estereotipadas/os como avessos ao trabalho, pessoas consideradas como sujas, imorais, perigosas, preguiçosas, mentirosas, enganadoras, ladras e invasivas.

A condição de vida dos povos ciganos sofre com as incidências da lógica do capital. E, especialmente no caso brasileiro, sofrem com os processos de marginalização, de situações de pobreza e violência contra os seus corpos. O Brasil, segundo o Censo 2010 promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui cerca de 800 mil ciganas/os. A maioria das/os mesmas/os são encontradas/os nas Regiões Sul, Sudeste e Nordeste.

Atualmente, é incerto o quantitativo e a distribuição geográfica desses povos no país. No Brasil foram identificados três grandes grupos étnicos de povos ciganos: os Rom, os Sinti e os Calon. De acordo com o painel da Ouvidoria Nacional dos Diretos Humanos (2021), do total de 350 mil denúncias protocoladas em 2020 pelo “Ligue 180” e pelo “Disque 100”, 67 delas envolviam vítimas ciganas, apenas 0,01% das denúncias. Estas envolviam casos de constrangimento, ameaça, coação, exposição de risco à saúde, maus-tratos, agressão e injúria.      O painel revela ainda que: 70% das vítimas são do gênero feminino; 49% têm mais de 80 anos de idade; 66% dos suspeitos das violências são do gênero masculino; 37% dos suspeitos das violências são vizinhos da vítima.

Que neste Dia Internacional dos Povos Ciganos mobilizemos consciências críticas e lutas contra o racismo, o capitalismo e o cis-heteropatriarcado que estruturam as dominações, opressões e explorações que marcam as vidas ciganas. Urge a necessidade de reconhecimento do Estado através de políticas públicas voltadas ao respeito à integridade dos valores e das práticas ciganas, de condições materiais e subjetivas que assegurem as suas existências e efetivem a proteção social deste povo.

Autor