Garimpo ilegal em larga escala usou 176 escavadeiras em terras indígenas

Após identificar equipamentos operando na Amazônia, a maioria da Hyundai, Greenpeace defende ações para estancar o garimpo ilegal, restaurar o ecossistema e indenizar indígenas

Foto: Christian Braga/Greenpeace

Relatório feito pelo Greenpeace apontou a existência de ao menos 176 escavadeiras hidráulicas operando para o garimpo ilegal de ouro em três terras indígenas da Amazônia entre 2021 e 2023. A informação mostra que a atividade é feita em larga escala, ao arrepio da lei e com prejuízos irreversíveis para os povos indígenas e o meio ambiente. 

A maioria das escavadeiras, 75 (ou 42%), é da marca sul-coreana Hyundai. O conjunto identificado opera ilegalmente nos territórios Yanomami, Munduruku e Kayapó, locais que concentram mais de 90% desse tipo de exploração em terras indígenas. Somente nas áreas Kayapó, foram encontradas 88 escavadeiras. Nos últimos dez anos, o garimpo nas TIs cresceu 625%, de acordo com o Mapbiomas. 

Segundo a ONG, “especialistas apontam que uma escavadeira realiza, em 24 horas, o mesmo trabalho que três homens levariam cerca de 40 dias para executar”. Além disso, aponta, “já existe tecnologia capaz de monitorar as máquinas e bloquear seu uso em locais proibidos”. 

Diante da existência das escavadeiras, o Greenpeace estabeleceu como demandas para a Hyundai “retirar seus negócios de áreas de alto risco até que possa garantir que as máquinas não sejam usadas para atividades destrutivas”.

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Neste sentido, defende, entre outros pontos, que sejam introduzidos “dispositivos vinculados a GPS que impossibilitem a operação das máquinas em áreas protegidas”; que haja monitoramento “de quem está comprando suas máquinas e evitar a venda para indivíduos e entidades envolvidas em atividades ilegais” e interrupção da venda, financiamento ou fornecimento de “peças de reposição para indivíduos ou entidades envolvidas em atividades destrutivas em áreas proibidas”. 

Além disso, sugere apoio a políticas que “impeçam o uso de maquinário pesado em atividades destrutivas em áreas protegidas; restauração de ecossistemas e pagamento de indenizações aos povos indígenas que sofreram devido a suas práticas comerciais”. 

O relatório também identificou escavadeiras das marcas Liugong (China); Caterpillar (EUA); Volvo (Suécia); Sany (China); John Deere (EUA); Komatsu (Japão); Link-Belt (EUA); XCMG (China); Case (EUA); e New Holland (EUA).

O lançamento do relatório “Parem as Máquinas! Por uma Amazônia Livre de Garimpo” contou com um protesto feito pela ONG em frente à fábrica da Hyundai, em Itatiaia (RJ) na manhã desta quarta-feira (12).

(PL)

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