Confirmado documento que liga Biden a suborno ucraniano

Mais: Folha de S. Paulo “entrevista” Zelensky, as perguntas que a Folha não fez / Jens Stoltenberg deixará secretaria geral da Otan / Inflação nos EUA acelera.

A história é a seguinte: há muito tempo existem rumores de documentos em posse do FBI que revelariam tráfico de influência do então vice-presidente Joe Biden e sua família, principalmente seu filho, Hunter Biden, em relação a negócios com empresários ucranianos, assunto que chegou a ser explorado por Donald Trump durante a última campanha eleitoral. O Comitê de Supervisão da Câmara de Representantes, que tem o poder de fiscalizar os atos do executivo, é atualmente controlado pelos republicanos. Esse comitê recebeu a informação de que, entre os documentos que estão com o FBI, existia o “formulário FD-1023” muito comprometedor para Joe Biden. O FBI usa formulários desse tipo para memorizar informações coletadas de fontes confidenciais. A fonte em questão teria fornecido informações detalhadas sobre pagamento de suborno a Joe Biden (US$ 5 milhões, segundo a CNN, mais de US$ 10 milhões, segundo a HISPANTV). De acordo com a CNN: “Foi alegado que o documento inclui uma descrição precisa de como o suposto esquema criminoso foi empregado, bem como sua finalidade”.

O documento, afinal, existe

Inicialmente o FBI negou a existência do documento, mas pressionado pelo Comitê, o diretor do órgão confirmou, nesta quarta-feira (31/5), que o documento existe. “Hoje, o diretor do FBI [Christopher] Wray confirmou a existência do formulário FD-1023 alegando que o então vice-presidente Biden se envolveu em um esquema criminoso de suborno com um estrangeiro. No entanto, não se comprometeu a apresentar os documentos solicitados pelo Comitê de Supervisão da Câmara”, disse o presidente do Comitê, James Comer, citado pelo The Washington Examiner. Comer intimou formalmente o FBI a apresentar os documentos relacionados ao caso e ameaçou o diretor do FBI (Christopher Wray) com um processo de desacato por obstrução do processo legislativo caso a intimação não fosse atendida e, mais uma vez, o FBI recuou. Segundo a CNN, “o FBI disse que disponibilizará as informações ao comitê de supervisão ‘em um formato e configuração que mantenha a confidencialidade e proteja importantes interesses de segurança e a integridade das investigações do FBI’. O FBI também informou que há limitações em sua capacidade de compartilhar inteligência bruta não comprovada fora do departamento”. Christopher Wray propôs que o presidente do Comitê e um representante democrata visitem à sede do FBI para ter contato com o documento.

A polêmica prossegue e a reação da Casa Branca

James Comer, presidente do Comitê de Supervisão da Câmara

No entanto, o republicano James Comer não concordou, declarando que “qualquer coisa que não seja a apresentação desses documentos ao Comitê de Supervisão da Câmara não está em conformidade com a intimação”. A Casa Branca reagiu. Ian Sams, porta-voz da Casa Branca para supervisão e investigações, atacou uma possível quebra de confidencialidade, alegando que “não haverá informantes confidenciais, se algum político puder apenas intimá-los e depois expô-los ao público”, disse ele e criticou a investigação em si: “a única questão que resta é o quanto ele (James Comer) vai desperdiçar de tempo, energia e dinheiro do contribuinte para apoiar uma mentira politicamente motivada e sem base em quaisquer fatos, simplesmente para chamar a atenção da mídia e atrair os holofotes da Fox News”, acusou. A CNN registra ainda que “desde que assumiram o controle da Câmara no início deste ano, os republicanos têm perseguido agressivamente Biden e sua família, particularmente seu filho Hunter Biden, sob alegações de que eles usaram indevidamente as conexões políticas do agora presidente para enriquecer”. Pode até ser que, realmente, tudo não passe de fake news dos republicanos ligados a Trump, mas eu tenho a impressão de que, como diz minha vó Teresa, que irá completar 100 aninhos no próximo mês de novembro: “tem caroço neste angu”.

Folha de S. Paulo “entrevista” Zelensky, as perguntas que a Folha não fez

Jornal Folha de S. Paulo publicou, na edição desta sexta-feira (2), uma entrevista feita em Kiev com o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky. Foi uma espécie de coletiva para veículos latino-americanos no palácio presidencial. A Folha, como se sabe, sempre sonhou em ser membro da Otan, tendo desistido depois que soube que a Otan reúne países, detalhe que havia lhe escapado, mas a admiração permanece. Se a Folha realmente publicou todas as perguntas feitas, a entrevista foi apenas, como se diz no futebol, a entrega, para Zelensky, de “bola rolando com o goleiro amarrado” e o ex-comediante aproveitou para desfiar toda a propaganda oficial ucraniana sobre o conflito. Eu não defendo que uma entrevista seja um debate entre jornalista e entrevistado. Mas o jornalista deve sim, sempre usando um tom civilizado, fazer perguntas incômodas, abordado assuntos polêmicos e claro, dando tempo necessário para que o entrevistado responda sem interrupções. Se esse tipo de pergunta não é feita, acaba sendo uma entrevista chapa-branca como foi a publicada pela Folha. Eu, por exemplo, faria no mínimo estas: O senhor citou o acordo de Misk, mas a Rússia alega que foi a Ucrânia que não respeitou os acordos e continuou atacando a região do Donbass, como o senhor responde a esta alegação? O senhor, durante sua campanha presidencial, prometeu a paz com Moscou, mas logo depois da eleição, Dmitrii Yarosh, comandante do batalhão neofascista Azov, declarou publicamente que o senhor seria enforcado em uma árvore em Kiev caso seguisse por esse caminho. Como o senhor reponde aos que dizem que o senhor capitulou para a extrema-direita ucraniana? / O senhor acusa a Rússia de autoritária e diz que a Ucrânia é uma democracia, mas os russos alegam que todos os partidos funcionam abertamente em Moscou. Na Ucrânia, o maior partido da esquerda do país foi proibido (o Partido Comunista) e o senhor fechou, em março do ano passado, outros 11 partidos. Como explica isso? / O senhor considera Stepan Bandera (nazista ucraniano que colaborou com o exército de Hitler) um herói nacional? Se não considera porque não revoga este status especial? Uma das poucas perguntas interessantes da entrevista foi sobre a tão anunciada contraofensiva, que Zelensky respondeu assim: “Estamos preparando uma contraofensiva. Não posso dar detalhes, nem dizer quando será”.

Jens Stoltenberg deixará secretaria geral da Otan, Pedro Sánchez pode ocupar a vaga

O site do grupo espanhol ANTENA 3 publicou reportagem informando que o norueguês Jens Stoltenberg irá deixar a secretaria geral da OTAN. Embora o site justifique a saída argumentando que Stoltenberg está há nove anos à frente da organização e já teria prolongado em mais um ano sua permanência, deixar a Otan neste momento em que a aliança está envolvida até o pescoço em uma guerra indireta contra a Rússia, leva esta Súmula a conjecturas sobre contradições internas ou projeções pouco otimistas para o desenrolar do conflito. A Antena 3 garante que Stoltenberg inclusive já informou a seus colegas que deixará o cargo no outono europeu (última quinzena de setembro até primeira quinzena de dezembro) e retornará à Noruega. De fato, rumores sobre uma corrida para suceder a Stoltenberg já começaram há muito tempo. A Antena 3 reporta que três fontes diretamente ligadas ao assunto disseram que o perfil de Pedro Sánchez, atual primeiro-ministro espanhol, é muito popular e que há uns meses a sua opção soava muito forte em alguns gabinetes da Sede da Otan em Bruxelas. Sánchez, um social-democrata que se considera de esquerda é, no entanto, um defensor da Otan, o que mostra que suas convicções ideológicas não enchem uma xícara de chá. No entanto, com a antecipação da eleição espanhola, se perder o pleito em 23 de junho, estaria disponível muito antes do esperado. A princípio, a OTAN havia planejado escolher o sucessor ou sucessora de Stoltenberg na cúpula que será realizada nos dias 11 e 12 de julho em Vilnius, na Lituânia, mas a falta de um consenso faz com que o adiamento da decisão seja o cenário mais provável e, é claro, outros candidatos entrarão nesta disputa para ser, no campo militar, o europeu número um a receber as ordens de Washington.

Inflação nos EUA acelera e juros devem seguir aumentando

A inflação nos EUA está acelerando e o FED (o Banco Central) continuará inclinado a novas altas nas taxas de juros. De acordo com a Bloomberg, a inflação e os gastos do consumidor nos Estados Unidos aceleraram no mês de abril, destacando as pressões contínuas de preço e demanda que manterão os formuladores de políticas do “Federal Reserve” inclinados a aumentar ainda mais as taxas de juros. O índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE), um dos indicadores de inflação favoritos do FED, subiu 0,4% em abril, um ritmo mais rápido do que o esperado. Na comparação interanual, o indicador avançou 4,4%. Excluindo alimentos e energia, o núcleo do índice PCE subiu 0,4% em relação ao mês anterior e 4,7% em relação a abril de 2022, também superando as projeções. Os gastos do consumidor, ajustados pelos preços, subiram 0,5% após ficarem estáveis ​​em março. O aumento foi o mais forte desde o início do ano e refletiu aumentos em bens e serviços.

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