Yanomamis pedem ações do governo para neutralizar a invasão do garimpo

Em relatório, a Hutukara Associação Yanomami observa desaceleração da área impactada, porém os esforços em 2023 foram insuficientes para impedir o avanço dos garimpeiros

Foto: Hutukara Associação Yanomami

Nesta sexta-feira (26), a HAY (Hutukara Associação Yanomami) divulgou um relatório em que pede a “retomada urgente de operações de desintrusão de garimpeiros no Território [Yanomami]”.

A nota também realizada pela Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME) e Urihi Associação Yanomami, com o apoio do Instituto Socioambiental e do Greenpeace Brasil, reconhece que o governo Lula se mobilizou para combater o garimpo em 2023, no entanto pondera que os esforços foram insuficientes para neutralizar a invasão nas terras indígenas.

No texto é colocado que houve redução no número de invasores, o que propiciou redução da degradação ambiental, porém os efeitos nocivos para os indígenas permaneceram. Entre estes efeitos causados pela presença dos garimpeiros estão a proliferação de doenças infectocontagiosas, impactos ambientais, instabilidade política das regiões indígenas, falta de segurança para as famílias e profissionais de saúde, além do impedimento da livre circulação de pessoas, o que dificulta o acesso de auxílio às aldeias.

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Até novembro de 2023 foram registradas 308 mortes no Território Yanomami. Mortes atribuídas também as falhas na execução das ações de saúde.

O levantamento indica que a área total impactada pelo garimpo na TI Yanomami cresceu cerca de 7% no ano passado, uma área que atinge 5,4 mil hectares. Ainda que tenha ocorrido crescimento, o valor apresenta uma desaceleração do avanço da degradação uma vez que o crescimento chegou a ser de 42% (2018-2019), 30% (2019-2020), 43% (2020-2021) e 54% (2021-2022).

Mesmo que em ritmo menor, o avanço em 7% mostra que o garimpo ilegal continua ampliando suas bases e operando no território.

Forças Armadas

O relatório Hutukara também observa que parte do retorno das operações ilegais se deu pela ausência da presença das Forças Armadas a partir de novembro passado.

Como exemplo, é citada a região do Palimiu, onde a base de proteção Korekorema (Pakilapi) deveria estar instalada e em pleno funcionamento.

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Em novembro, de um efetivo de 50 militares houve uma redução de aproximadamente 70%, ficando apenas 15 deles, além de 4 agentes da Força Nacional de Segurança para proteção das equipes de saúde, 2 agentes da Polícia Federal, 4 servidores da Funai (dois agentes e dois cozinheiros/serventes) e nenhum servidor do Ibama.

Depois de uma semana da visita da Hutukara ao local, os indígenas da região avisaram que toda a estrutura militar havia sido retirada.

Recomendações

O documento pede, além da expulsão dos garimpeiros das terras, o fortalecimento de ações setoriais e de planejamento; a elaboração de um plano de proteção territorial; um plano para o desarmamento voluntário; o apoio ao reassentamento de comunidades afetadas pelo garimpo; ajustes na resposta à crise sanitária; a criação de força tarefa para o controle da malária; e a ampliação das parcerias e cooperações com organizações especializadas em saúde.

Confira o relatório.