Número de mortos chega a 217 na Espanha e rei e primeiro-ministro são hostilizados
Visita oficial da realeza e do primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez, terminou em confusão neste domingo (3). Governo de extrema direita de Valência ignorou alertas
Publicado 04/11/2024 13:22 | Editado 04/11/2024 13:40
Uma visita do rei e da rainha da Espanha e do primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez, às áreas atingidas pelas enchentes em Valência, terminou em confusão neste domingo (3). Uma multidão atirou lama, pedras e objetos na comitiva, atingindo o rosto do rei Felipe VI e da rainha Letizia.
O número de vítimas fatais subiu para 217 após a passagem das chuvas torrenciais associadas à Depressão Isolada em Níveis Altos (Dana), na semana passada.
Os partidos e movimentos sociais de esquerda acusam o Partido Popular, de extrema direita, e que governa a região de Valência, de estimular os ataques contra o governo do primeiro-ministro como forma de se livrar das responsabilidades pela tragédia.
Centenas de voluntários e moradores de Paiporta interromperam a limpeza das ruas afetadas pela “enchente do século” que atingiu a Espanha na última terça (5) e protestaram contra as autoridades com gritos de “assassinos” e “fora”. Na cidade, um um dos epicentros da tragédia, 62 pessoas morreram devido às chuvas.
No início da visita, um cabo de vassoura também foi arremessado na direção de Sánchez. Ele foi cercado por sua equipe de segurança, que abriu um guarda-chuvas para proteger a comitiva da lama e das pedras atiradas pelos moradores.
Enquanto os profissionais tentavam montar um cordão de segurança ao redor do rei, uma unidade de cavalaria da polícia interveio para afastar os manifestantes. Ao menos um dos seguranças da rainha sofreu um ferimento visível na testa.
A maior parte dos ataques dos moradores foi direcionada a Pedro Sánchez, que acabou abandonando a comitiva por medidas de segurança. O rei e a rainha insistiram por mais uma hora em falar com as pessoas e tentar acalmar os ânimos. Com o rosto e a roupa manchada de lama, ele continuou a caminhar por uma das principais ruas da cidade e conversou com moradores, mas acabou deixando o local.
Los españoles lo están cagando a piedrazos al presidente pedro sanchez por caer a la inundación 1 semana después porque "no pidieron ayuda"
— ElBuni (@therealbuni) November 3, 2024
Le hicieron mierda el auto pic.twitter.com/UVwJMduZFV
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a população enfurecida, atirando objetos contra os carros da comitiva oficial. Os incidentes levaram as autoridades a suspender a visita do rei e da rainha à cidade de Chiva, para onde iriam em seguida.
Eleito em maio de 2023 para ser presidente do governo de Valência, tal como um governador, no Brasil, uma das primeiras decisões do ex-presidente do PP, Carlos Mazón, foi eliminar a ‘Unidade Valenciana de Emergências’. Foi o primeiro passo da reestruturação do setor público anunciada pelo Governo Valenciano de Mazón.
Mazón é acusado de ignorar os avisos meteorológicos emitidos por autoridades do clima. Duas semanas antes da tragédia, a Agência Meteorológica Estadual (Aemet) enviou uma série de alertas para o risco de queda da Dana na região leste da Espanha, sobretudo em Valência.
Os avisos foram ignorados pelo governo do presidente valenciano Carlos Mazón, que contou com a ajuda do atual presidente do PP, e expoente da extrema direita no país, Núñez Feijóo para responsabilizar Pedro Sánchez, seu adversário político na disputa nacional.
Feijóo declarou que a Aemet e Pedro Sánchez foram os responsáveis por não terem fornecido as informações necessárias à Generalitat valenciana.