Após depoimento, Mauro Cid pode ser preso e perder benefício da delação
O militar prestou depoimento nesta terça-feira (19) à PF e negou ter conhecimento do plano do golpe de Estado e para matar o presidente Lula, o vice Alckmin e o ministro Moraes
Publicado 19/11/2024 22:30 | Editado 20/11/2024 07:21
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pode perder o benefício da delação premiada e até ser preso após prestar depoimento nesta terça-feira (19) à Polícia Federal (PF).
De acordo com a GloboNews, os investigadores não ficaram satisfeitos com o que ele falou e enviaram um relatório para o Supremo Tribunal Federal (STF) que vai decidir sobre o cancelamento da delação.
Para avaliar se acaba com a delação ou até decretar a prisão do militar, o ministro do STF Alexandre de Moraes solicitou uma posição da Procuradoria-Geral da República (PGR).
No depoimento, Cid negou ter conhecimento do plano do golpe de Estado e para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
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Parte dos dados usados na operação desta terça-feira, que resultou na prisão de quatro militares e um policial federal, foi recuperada no aparelho celular do militar por um aparelho israelense adquirido pela PF.
A advogada Vania Bitencourt diz que o militar foi questionado, basicamente, sobre o plano de sequestro e morte de autoridades.
“Ele alegou desconhecimento. [Ele] não sabe mesmo. Desse [caso], ele não participou. O que ele não sabe, não pode dizer” disse a advogada à imprensa.
A PF tem informações de que Cid trocou mensagens com o general da reserva Mario Fernandes, um dos presos, sobre a ação golpista. O ex-ajudante de Bolsonaro, por exemplo, monitorava Alexandre de Moraes.
O militar confirmou que atuava no monitoramento de Moraes, mas disse que a ação era com objetivo de descobrir se o ministro estava em contatos com adversários de Bolsonaro.
O ex-ajudante de ordens foi preso em maio do ano passado e solto por decisão de Moraes. O ministro do STF aceitou a colaboração premiada do militar.
Ele deixou a prisão no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, em 9 de setembro do ano passado. Cid estava detido por envolvimento na falsificação do cartão de vacina contra a Covid-19 do ex-presidente e familiares.
O ex-ajudante também é investigado pela venda nos Estados Unidos das joias sauditas, dadas como presentes por chefes de Estado ao ex-presidente.
A PF ainda encontrou no celular dele a troca de mensagens de cunho golpistas com outros militares e ainda uma minuta do documento Garantia da Lei e da Ordem (GLO).