Governo articula participação popular na COP 30 e reforça combate às fake news

Em entrevista ao Bom Dia, Ministro, Márcio Macêdo cita o G20 Social como referência e defende a taxação dos super-ricos para financiar ações climáticas e sociais

O ministro Márcio Macêdo durante entrevista ao Bom Dia, Ministro, onde destacou a importância da participação social na COP 30. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O governo federal iniciou a articulação para garantir ampla participação social na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em novembro, em Belém (PA). 

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, afirmou nesta quarta (29), em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da EBC, que a experiência do G20 Social servirá como modelo para o evento no Pará.

“O G20 Social foi um marco na história da participação social mundial”, disse Macêdo. “Uma invenção brasileira, uma invenção jabuticaba bem brasileira e feita pelo presidente Lula, que me deu a honra de coordenar e promover”, completou.

A conferência do clima, que reunirá líderes globais e especialistas para debater soluções para a crise climática, contará com um forte componente de participação popular. O governo já estabeleceu um diálogo com o ministério das Relações Exteriores, do Meio Ambiente e a Casa Civil para estruturar os espaços onde organizações da sociedade civil poderão debater e influenciar as decisões políticas internacionais.

No G20 Social, realizado em 2024, 19.140 pessoas participaram diretamente dos debates, e 74 propostas foram incorporadas ao documento final do encontro, segundo Macêdo. 

“Foi algo muito significativo para a história da participação social num evento tão fechado como é o G20”, destacou o ministro. A meta é ampliar esses números na COP 30, permitindo que as vozes da sociedade influenciem os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.

Mobilização e pressão sobre financiamento climático

A COP 30 ocorrerá em um momento de acirramento global entre setores retrógrados que negam a ciência climática e países que tentam avançar na transição para economias sustentáveis. O governo brasileiro pretende colocar em pauta a proposta de taxar super-ricos para financiar ações climáticas e de combate à fome.

Macêdo destacou que essa discussão foi impulsionada pelo Brasil no G20 e deve ser aprofundada na COP 30. 

“A sociedade civil organizada no G20 Social propôs e fortaleceu a proposta brasileira de ter uma taxação dos super-ricos e que isso fosse revertido em políticas públicas de combate à fome e de financiamento de políticas de combate às mudanças climáticas.”

Estratégias para participação popular

O governo já iniciou reuniões com movimentos sociais e entidades ambientais para definir como a sociedade civil poderá se organizar dentro e fora dos espaços oficiais da conferência. “Estamos discutindo como será essa participação social e qual o papel do governo nesse processo”, afirmou Macêdo.

Além dos debates promovidos pelo governo e pela ONU, organizações independentes devem realizar manifestações, eventos paralelos e iniciativas de engajamento popular. 

“A participação social vai acontecer porque é a tradição da COP, porque o Brasil tem uma tradição democrática, porque o Brasil é governado pelo Lula”, disse o ministro.

O ministro também destacou que o governo pretende criar fóruns de consulta para coletar sugestões da sociedade civil antes da realização do evento. 

“Vamos construir um processo de participação contínua, ouvindo os movimentos sociais ao longo do ano e garantindo que suas demandas sejam incorporadas às discussões da COP 30”, destacou Macêdo.

Desafios na comunicação e fake news

O governo também pretende enfrentar a desinformação sobre a COP 30, que já começa a circular em redes sociais. Macêdo afirmou que a estratégia da Secretaria de Comunicação da Presidência inclui o fortalecimento das redes digitais e o envolvimento de setores democráticos da sociedade em uma rede colaborativa de combate às fake news. 

“O que está acontecendo neste momento no mundo é que milionários e trilionários resolveram financiar a extrema direita com recursos e tecnologia, e o limiar entre verdade e mentira se tornou muito tênue”, 

A COP 30 será um dos maiores desafios do governo Lula na agenda internacional, consolidando o Brasil como líder em participação social nas conferências climáticas. Com a experiência do G20, a meta é garantir que a população tenha papel central nas discussões sobre mudanças climáticas e transição ecológica.

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