Tribuna de debates – Governantes socialistas em nação capitalista neoliberal (Pádua Martins)
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Publicado 09/10/2007 11:46 | Editado 04/03/2020 16:37
Um assunto muito difícil, para dizer mais que delicado e complexo em sua abordagem. Ora, nosso governo entremeia-se em um processo burocrata inerente de sua formatação com pesado papel cultural que se potencializa e entrelaçam-se com aqueles que sempre estiveram lá, estabelecendo um conflito de idéias entre seus sonhos socialistas e uma realidade “nua e crua”.
A primeira questão está posta vendo-se a necessidade de estabelecer critérios de controle desses conflitos, isto é, sua mediação entre estas variadas vertentes de pensamentos socialistas, num governo capitalista em plena era neoliberal. Estabelece-se, aqui, uma contradição propulsória de desenvolvimento e transformação de concepção política filosófica aliando-se a um processo de mando governamental. Esses conflitos referidos não diferem dos mesmos que já vivenciamos no dia-a-dia em nossos empregos não governamental onde se caracteriza com o processo de alienação do produzido pelo trabalhador. Portanto o servidor público perde o seu poder pelo produzido, onde o Estado é o patrão.
Aqui se evidencia a irracionalidade, a razão, a formalidade e informalidade, processos hierárquicos e demais relações existentes na vida da esfera do Estado. O governo trata seus empregados de forma impessoal, enquanto o servidor almeja um tratamento especial e personalizado. Evidencia-se que a estrutura hierárquica posta é eficiente no processo da tomada de decisão e coordenação de todo o processo produtivo do Estado em razão de um detrimento em todo um processo de relação com o servidor. Na posição hierárquica, o gerente socialista ou não é estruturalmente condicionado a defender o interesse da organização governamental pública em um estado capitalista e é nessa fase em que aquele gerente com concepção socialista tem que se diferenciar de todos aqueles que até então detiveram o governo, e, além da responsabilidade de defesa do patrimônio público, traçar políticas de inclusão do servidor, que em certos momentos seus interesses (do servidor) se contrapõem com o da instituição.
Não é fácil como bastante delicado ter estas percepções, e mesmo também o processo de tomada de decisão do ator hierárquico estabelecer, quando este ator tem um comprometimento com as causas dos trabalhadores. Balança-se a capacidade da autoridade hierárquica que está sendo representada, o interesse público, baseada na defesa da instituição, e a necessidade de levar a inclusão ao servidor no processo decisório, baseadas em consenso, rompendo-se com a estrutura da hierarquia formal, mas esse processo tem que ser feito com muita cautela e precaução, pois no processo de aprendizado da participação do servidor, há variáveis como o interesse corporativo acima do popular, o individual fantasiado em interesse da comunidade, incapacidade de avaliação dos instrumentos disponíveis, elementos de resistência os mais diversos, como passando pelo cultural, e planejamento que só se adquire no próprio processo.
Este processo todo relatado está intrinsecamente relacionado com a capacidade de aproximação que o gestor tem em diminuir a diferença entre a sua autoridade e o poder constituído, resultante do processo de liderança alcançada para não levar a descoordenação do processo administrativo, principalmente devido elementos decisivos de antagonismo do processo, como exemplo a questão salarial, levando a formação de tensões do processo que deverá ser superada através de políticas de relações humanas, além das, também, contradições existentes entre o servidor e clientes.
* membro do Comitê Municipal do PCdoB de Fortaleza