Portugal: centenas protestam contra visita de Merkel
Nesta segunda-feira à tarde, a manifestação "A Merkel não manda aqui!" chegou a Belém, juntando centenas de pessoas em protesto contra a austeridade e a visita a Portugal da chanceler alemã, Angela Merkel.
Publicado 12/11/2012 16:32

A manifestação é promovida pelos subescritores do protesto “Que se lixe a troika” mas recebeu também o apoio de outros movimentos. Nos protestos, muitos cartazes eram vistos, com frases como “troika só dá desemprego” , “troika e governo: rua” e “Merkel raus [rua]! E leva o Passos contigo” , “Fora, fora daqui, a fome a miséria e o FMI”
Ao longo do percurso, os manifestantes entoavam palavras como “Governo, Merkel e FMI fora daqui”. João Camargo, do movimento "Que se lixe a troika" disse à agência Lusa que esta manifestação é contra a chanceler alemã e contra o que representa, em termos políticos e económicos, isto é, “a austeridade nos países periféricos”. “É uma política de massacre contra os povos”, afirmou.
Os manifestantes fizeram um percurso entre o Largo do Calvário e a Praça do Império, passando pela Avenida da Índia. Chegando a Belém, encontraram um muro composto por grades que impediam o acesso mais próximo ao Centro Cultural de Belém.
A atriz Sofia Nicholson disse à agência Lusa que participa no protesto “para contestar as medidas de austeridade e tudo o que representa a Angela Merkel”.
Cerca de 20 populares aguardaram a chegada da chanceler alemã ao aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, mas a saída de Angela Merkel por uma porta secundária impediu-os de lhe mostrarem o descontentamento com a austeridade. A chefe do governo da Alemanha aterrou esta segunda-feira pelas 11h44, no aeroporto militar de Figo Maduro, mas acabou por não sair pela porta principal, evitando também os jornalistas que aguardavam a sua chegada e evitando os manifestantes.
Logo depois, apitos e insultos marcaram a entrada e a saída da chanceler alemã Angela Merkel do Palácio de Belém, pela voz de algumas dezenas de manifestantes que estavam concentrados nos jardins frente ao palácio.
Já em Oeiras, onde foi recebida por Passos Coelho, no Forte de São Julião da Barra, Merkel tinha à sua espera mais manifestantes. O forte encontrava-se cercado por dezenas de polícias.
O grupo, que se intitulara ironicamente os "amigos da Merkel" foi até Oeiras para dar as "boas-vindas de forma especial" à chanceler alemã. "Já não viemos a tempo de almoçar com ela, mas deixamos-lhe aqui alguns recados sobre como está o nosso país", disse um dos manifestantes. Com mensagens escritas em alemão, o grupo quis mostrar o seu descontentamento pelo que se passa no país e mostrar à "senhora Merkel" que "ela não manda na Europa".
Várias dezenas de pessoas estavam ainda concentradas no Largo Camões, em Lisboa, para participar da manifestação contra a troika, organizada pela CGTP, a propósito da visita de Angela Merkel a Portugal.
Os manifestantes exibiam bandeiras, cartazes e faixas da CGTP e com palavras de ordem contra a troika da ajuda externa e contra a chanceler alemã. São ainda visíveis cartazes convocando à greve geral de quarta-feira, também convocada pela CGTP.
Entre os manifestantes, havia um grupo de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) vestidos com camisetas pretas onde de lia “ENVC – Privatização = Morte”. A base da estátua de Luís de Camões estava envolta com uma faixa vermelha: “Nem Merkel nem Troikas” e “Não à exploração, contra a Globalização”, descreveu a Lusa.
A chanceler alemã encontra-se esta segunda-feira em Lisboa, para uma visita oficial de cinco horas, que inclui reuniões com o Presidente da República, com o Primeiro-Ministro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e com empresários dos dois países.
Esta é a primeira vez que a chefe do governo da Alemanha visita oficialmente Portugal e o deslocamento acontece num momento em que internamente cresce a contestação ao memorando assinado com a troika.
A visita, segundo disse Merkel numa entrevista à RTP, este domingo, é “uma contribuição” para mostrar que a Alemanha “quer ajudar” e “para ver o que se pode melhorar na cooperação entre empresas para gerar mais empregos".
Angela Merkel afirmou também não haver motivos para Portugal renegociar com a troika ou pedir novo resgate, elogiando a coragem com que o governo faz o ajustamento financeiro, ignorando os dados sobre a economia em recessão e o desemprego com taxas históricas em Portugal.
Com Esquerda.net