Brasil endurece discurso contra Trump e denuncia riscos do ‘tarifaço’
Em documento enviado ao Representante de Comércio dos EUA (USTR), governo Lula diz que medidas de Trump podem afetar gravemente relação comercial entre os países
Publicado 26/03/2025 15:04 | Editado 27/03/2025 14:43

A política de generalizada de taxação adotada por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, tem deixado o mundo em alerta. Até agora o governo Lula buscou o diálogo, mas a insistência do governo Trump em ampliar o seu “tarifaço” fez com que os brasileiros endurecessem o discurso em documento enviado ao Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês).
Na avaliação feita é indicado que as medidas de Trump podem prejudicar “gravemente” a relação comercial entre Brasil e EUA. O documento foi encaminhado oficialmente em 11 de março, quase três semanas após o órgão encarregado de fazer as revisões comerciais ter aberto consulta pública sobre tarifas recíprocas.
O governo dos EUA pretende colocar em prática o ‘tarifaço’ em 2 de abril. Com isso, a diplomacia brasileira está atenta para saber se haverá aumento de taxas em outras áreas para além do aço e do alumínio.
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Ao USTR, é destacado que os EUA tiveram US$ 7,4 bilhões de superávit na relação com o Brasil em 2024. Em 15 anos, o superávit comercial foi de US$ 160 bilhões em bens e mais de US$ 410 bilhões em bens e serviços.
Além de destacar o benefício histórico que os norte-americanos tem na relação com o Brasil, o governo ressalta que uma imposição unilateral viola compromissos estabelecidos no âmbito da OMC (Organização Mundial de Comércio). De acordo com o governo Lula, alterações sem debate podem desfazer o “equilíbrio alcançado em negociações passadas e é prejudicial às suas relações econômicas com parceiros de longa data”.
Nesse sentido, aponta o governo brasileiro, qualquer insatisfação sobre tarifas discutidas na OMC deve ser renegociada com os parceiros.
Além disso, o documento acentua um ponto levantado nas entrevistas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, de que as exportações norte-americanas ao Brasil têm tarifa média de 2,7%. O valor é considerado baixo e, dessa forma, retaliar o Brasil com esse patamar diminuto é que seria algo efetivamente injusto.