1° de Maio: Muito por lutar, pouco a comemorar

O feriado internacional de 1° de Maio é uma das mais importantes datas presentes no calendário de comemoração da classe proletária. De maneira curiosa, é super comum muita gente confundir a denominação da data, nomeando-a erroneamente como dia do trabalho e não dia do trabalhador.

Mas por que isso ocorre tanto? Talvez uma boa explicação seja a origem da data. Ela remonta ao século XIX, mais especificamente a 1° de Maio de 1886, data que se iniciou uma imensa greve geral pelo cumprimento da jornada de trabalho de oito horas por dia nos Estados Unidos após os patrões descumprirem o prazo de dois anos dados pelos sindicatos (em 1884) para que não houvesse mais abusos em relação à jornada diária, que em muitas empresas chegavam até a 16 horas/dia!

No dia 3 de Maio do mesmo ano, após confronto entre provocadores e policiais nas manifestações de Chicago, oito grevistas são presos, sendo cinco condenados à morte e três a prisão perpétua. O enforcamento dos quatro jovens trabalhadores em Novembro de 1887 (o quinto suicidou-se na cadeia) foi um dos episódios mais tristes na batalha por direitos naquele país. Como forma de homenagear estes bravos lutadores, em 1889, a Segunda Internacional Socialista passou a chamar atos anualmente nesta data para pressionar os donos do capital pela redução das horas diárias trabalhadas.

Esta belíssima história, precisa ser contada, divulgada e espalhada, afinal não é por fruto do acaso que existe este importante dia em nosso calendário, ainda mais em tempos cada vez mais sombrios como os que estamos vivendo.

Seria cômico, se não fosse trágico, que os combates atuais sejam ainda tão semelhantes àquelas de 1886 nos EUA, afinal de contas, com a destruição dos direitos trabalhistas pelo governo Temer, a situação do proletariado brasileiro retrocedeu ao passado, talvez para a década de 1930 do século passado, quando ainda não tínhamos a quase morta CLT, uma das mais importantes garantias que a classe trabalhadora já teve e foi rasgada pelos golpistas no fim de 2016.

Chama também a atenção que uma das bandeiras da grande greve de 1886 nos Estados Unidos seja ainda tão atual: a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários. Mais de 150 anos se passaram, mas as pelejas seguem ainda similares. Coincidência? Duvido muito…

Com tantos direitos a se buscar, é fundamental não somente comemorar, mas, principalmente, seguir firme acreditando que somente através da luta, que se conquistam (ou se mantém) direitos. Crer em bondade do patrão é uma ingenuidade sem tamanho!

Neste 1° de Maio de 2018, a bandeira da unidade parece ser o grito da esperança, afinal as sete principais centrais sindicais do país (Central Única dos Trabalhadores – CUT, Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores- UGT, Nova Central, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB e Central dos Sindicatos Brasileiros – CSB) estão construindo um imenso ato em Curitiba, denunciando as mazelas do judiciário, do golpe de 2016 e da prisão sem provas de Lula, o que o configura, literalmente como um preso político.

A título de curiosidade, os jovens condenados à morte na grande greve geral de 1886 nos EUA foram declarados inocentes em 1893 pelo governador de Illinois. Após intensa investigação, provou-se que o chefe do departamento de polícia era o responsável pelas confusões que culminaram na condenação e morte dos quatro trabalhadores grevistas por enforcamento.

É muito interessante como a história se repete, os que lutam pelos outros são presos, condenados e muitas vezes mortos por uma justiça viciada e, acima de tudo burguesa. Desculpas trazem a vida e a reputação de volta? Não trouxe para os heróis de Chicago, será que vão trazer para os heróis tupiniquins? Duvido muito…

Só nos resta lutar: por justiça, pela liberdade e em defesa da verdade!

Feliz dia do trabalhador e da trabalhadora!

Até a próxima.

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