116 anos do nascimento da poeta comunista Lila Ripoll

Há 116 anos nascia a poeta Lila Ripoll. Sua vida foi marcada, para além de suas poesias, pela luta no Partido Comunista do Brasil

Poeta Lila Ripoll I Foto: Delfos- Espaço de Documentação e Memória Cultural

Em 12 de agosto de 1905, nasceu na cidade de Quarai/RS a poeta comunista, escritora, pianista, professora e lutadora social Lila Ripoll.

Desde cedo desenvolveu atividades culturais junto aos sindicatos operários.

Em 1935, integrou-se à Aliança Nacional Libertadora.

Foi uma das idealizadoras da Revista “Horizonte”, criada em 1946, e colaborou com o jornal “A Tribuna”.

Em 1950, foi candidata comunista à deputada estadual.

Em 1951, organizou em Porto Alegre o 4°Congresso Brasileiro de Escritores.
Publicou diversos livros de poesia, de forte conteúdo social e político, mas sem cair no panfletarismo.

Por sua obra poética recebeu o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras, e o Prêmio Pablo Neruda da Paz do Conselho Mundial da Paz, entre outros.

Na crise da Legalidade, em 1961, esteve na linha de frente da resistência, junto com seus camaradas.

Em 1964, foi presa pelos militares golpistas .

Veio a falecer de câncer em 7 de fevereiro de 1967.

Transcrevo a seguir o seu poema “Elegia”, publicado em setembro de 1951, em homenagem a quatro militantes comunistas – Aladin Rosales, Abdías da Rocha, Aristides Corrêa Leite e Ary Kulman (os “4 As”) – assassinados a tiros pela polícia, em Santana do Livramento, no ano de 1950.

Elegia

  • Os homens tombaram,
    tombaram sem medo,
    singelos, heróicos,
    severos e graves,
    à luz do luar.
  • No rosto de espanto
    brilhava a certeza,
    no porte estendido,
    calado, eloquente,
    vivia uma história,
    mas não familiar.
  • A noite sangrenta
    caiu demorada.
    O sangue brotava
    dos corpos, das almas,
    da terra ofendida
    dos altos gemidos.
  • E os homens tombados,
    singelos,
    heróicos,
    severos e graves,
    na rua estendidos,
    calados estavam,
    mas não esquecidos.
  • Rosales e Kulman,
    irmão Aristides,
    e tu Abdias,
    herói camponês
    — de vida singela,
    de sonho tão alto —
    esperem confiantes
    que a aurora desponte
    no céu de amanhã.
  • E tu Livramento,
    por quantos choraste?
    Que mãos se crisparam
    de dor e revolta?
    Que vozes se ergueram,
    na noite passada?
  • O pranto desborda
    e o sangue também.
    As rosas vermelhas
    se espalham no chão.
  • Os mortos, os mortos,
    tenazes e fortes,
    estão relembrando
    que há outra alvorada.
  • No porte estendido,
    calado, eloquente,
    os homens tombados,
    severos e graves,
    apontam caminhos,
    desfraldam bandeiras,
    nas ruas, nos campos,
    nos rios e no mar.
  • Tombaram sem medo,
    singelos,
    heróicos,
    severos e graves,
    à luz do luar.

Lila Ripoll

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