A aposta arriscada de Bolsonaro (que pode dar errado)

Os progressistas não podem, de maneira alguma, é entrar na tática do confronto, é hora de amplitude

Foto: Alan Santos/PR

Bolsonaro gosta de apostas arriscadas, vemos isso desde que ele começou a figurar entre os entrevistados de programas televisivos graças às suas falas polêmicas (e preconceituosas, evidentemente).

A bola da vez, para ele que está consolidado no segundo lugar da corrida presencial variando entre 25% e 30%, é começar a tentar trazer de volta os pontos polêmicos que o elegeram em 2018, ou seja, as pautas morais e os confrontos.

É óbvio que quando falamos disso não estamos abordando os seus joguetes com a máquina pública, que é algo bem pragmático: fazer do auxílio Brasil seu carro chefe entre os mais pobres de modo a tentar fazer frente a Lula junto a um eleitorado muitas vezes volúvel.

Cercado de pastores que representam a banda podre das igrejas evangélicas, o esquema no Ministério da Educação escancarou o que todo mundo já sabia: enriquecimento ilícito de líderes neopentecostais e obras somente com o seu aval, literalmente um gabinete paralelo.

Mas a aposta do mandrião ainda estava por vir: ao perceber que a presença de Lula no Festival Vermelho e, principalmente, de maneira indireta no Lollapalooza quando a cantora Pabllo Vittar balançou uma toalha com o nome do ex-presidente melariam seu lançamento de pré-campanha, tratou de tomar uma medida inusitada, porém inesperada, que foi de entrar no Supremo Tribunal Eleitoral (STE) contra o evento privado internacional em nome de seu novo partido, Partido Liberal (PL).

O julgamento, nas mãos do juiz conservador Raul Araújo, acabou favorável ao pedido, mesmo com diversos juristas criticando a medida. O que não era esperado era o advogado do PL errar o CNPJ da organização do Festival, o que fez com que a medida não tivesse validade por se tratar de uma empresa fechada desde 2018.

Claro que essa pataquada de erros foi respondida em grande medida no Lollapalooza, diversos artistas como Lulu Santos, Fresno e, principalmente, Planet Hemp foram para cima da tentativa de censura criticando-a abertamente e, alguns até fazendo campanha aberta para Lula, como no caso da banda comandada por Marcelo D2.

O que houve, portanto, foi um comício pró Lula para mais de 40 mil pessoas em um evento internacional, ofuscando ainda mais o lançamento de pré-campanha de Bolsonaro, que teria a pomposa filiação do mandrião ao seu novo partido.

Podemos observar aqui um revés (ainda que passageiro) do atual presidente em sua tática de confronto. É bem verdade que o motivo para isso foi o erro grotesco do advogado do PL, mas ainda assim foi uma importante derrota.

Os progressistas não podem, de maneira alguma, é entrar na tática do confronto, é hora de amplitude e de evitar, inclusive campanhas de cunho negativo, ao estilo do “Ele não”, que apesar de fazer sucesso nas bolhas da esquerda não dialogou de fato com parcela importante do eleitorado, é fundamental lembrarmos que as pessoas votam pelas características positivas do seu candidato, não das negativas do outro.

Sigamos observando os passos de Bolsonaro e construindo a nossa campanha, que deve evitar as brigas e frenesis, já usamos essa tática antes e fomos derrotados, não podemos esquecer de 2018, vamos à luta com o peito aberto e desarmados, como diz o poeta “não devemos perder tempo com quem nos odeia, devemos nos ocupar em amar quem nos ama”.

Até a próxima!

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