A arte da vida

Por mais que muitos tentem engajar a arte, que se esforcem para transformá-la em propaganda de ideias e regimes, a arte é rebeldia, incontrolável.

Ilustração: Duke

Após 60 dias em casa na quarentena chega-se à conclusão que podemos viver sem shoppings, aviões e bares, porém sem filmes, seriados, livros, quadrinhos e música teríamos, com certeza, enlouquecido.

As várias obras disponíveis, acessadas por milhões, principalmente virtualmente nessa pandemia, conseguem nos fazer rir, chorar, pensar, refletir, angustiar, dançar, levar sustos…. Mexem conosco e nos confortam durante o maior acontecimento da saúde dos últimos séculos.

A quarentena mostra o quanto é relevante, importante e imprescindível a arte e o incentivo à mesma, que é uma das principais formas de expressão (se não a principal) do ser humano. A arte nos acompanha desde a Pré-História: primeiro aprendemos a desenhar e registramos nas pinturas rupestres toda a vida, conquistas, lutas e cenas cotidianas já naqueles tempos e só depois de séculos inventamos a escrita.

A arte atravessa a edificação das cidades, o Feudalismo, as Revoluções e Guerras, está nas igrejas, nos contos, nas pinturas, nos afrescos, esculturas. Passou pela Grécia, Roma, Mesopotâmia, Sumérios, Hititas, Idade Média, Modernidade, Renascimento, Iluminismo, Revolução Industrial…. registrando sempre o que e como se deu cada momento histórico, cada traço de uma civilização, imortalizados através dela.

Por mais que muitos tentem engajar a arte, que se esforcem para transformá-la em propaganda de ideias e regimes, a arte é rebeldia, incontrolável, muitas vezes ela cumpre a função de contestação, em muitos momentos de forma bem-humorada, como nas charges e cartuns que circulam nos jornais do mundo todo.

Millôr Fernandes, uma vez perguntado retrucou: “não existe humor a favor!”, a arte transgressora, contestadora, registrada nos quadrinhos, músicas, poemas, filmes e afins foi decisiva no combate à ditadura militar do Brasil, na luta por eleições diretas, no impeachment de Collor e, agora, na luta contra a pandemia e também para pôr a nu todos os absurdos do governo Bolsonaro.

Ilustração: Aroeira

Não existe arte a favor mesmo? É emblemático que, no Brasil desse momento, todas as charges se voltem para a denúncia bem-humorada de Bolsonaro, enquanto isso, aqui do ladinho na Argentina, o vilão das charges é o Covid-19 e não o governo. Ao contrário, o presidente Alberto Fernández vai a público agradecer o engajamento dos profissionais do desenho em jornais no auxílio ao combate a pandemia.

O vilão dos argentinos é a doença, o nosso é o vírus somado ao pior presidente da História da República. Só com muita boa música, livros, filmes e séries para aguentar, se indignar, mobilizar, combater e superar esse momento!

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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