A chapa Haddad e Manu pode iniciar uma viragem política no Brasil

 Os últimos acontecimentos da disputa presidencial no Brasil suscitam uma pergunta instigante: estamos entrando em um momento de viragem política, um daqueles acontecimentos alvissareiros da história ou é só um sonho de uma noite de verão?

O Brasil desde o último pleito presidencial vive uma forte desjuntiva. Em 2014 foi uma disputa acirrada e que dividiu o país, esse processo se aprofundou com o não reconhecimento da derrota pelo PSDB e por seu candidato, Aécio Neves, que insinuaram por uma recontagem de votos e entraram com ação para anular o resultado das eleições.

Segue-se esse processo com os ataques para desestabilizar o governo da Presidenta Dilma Rousseff, as pautas bombas no Congresso Nacional e o processo de golpe jurídico, midiático e parlamentar. A crise se aprofundou com as medidas do governo ilegítimo que assumiu, com a perseguição ao ex-presidente Lula e o seu impedimento de disputar as eleições.

O decorrer do processo eleitoral ampliou ainda mais o caminho da cisão e abriu possibilidades para aventuras intolerantes. Vive-se um eminente risco a democracia e as liberdades.

Nesses duros momentos o sentimento da nação desperta, as vezes ainda um pouco turvo, mas aos poucos a visão fica limpa. A impressão é que pode está se abrindo uma fresta, uma janela cívica e democrática no país. A combinação de alguns fatores pode ter contribuído para essa abertura. Junta-se a consciência democrática do povo brasileiro, somado a uma percepção cada vez mais clara na maioria da população de que Lula sofre uma perseguição implacável de segmentos poderosos. Agrega-se o saudosismo de um tempo passado (governo Lula), não muito distante, de desenvolvimento e de certa prosperidade. Para alguns há a impressão que essa perseguição a Lula se deu por conta de em seu governo a vida dos mais pobres melhorou.

É preciso aproveitar esses momentos e ampliar ainda mais a viragem política. A primeira semana da chapa Haddad/Manu começa a mostrar a viabilidade de uma vitória eleitoral e de abrir um caminho de retomada do legado de Lula, mas também de abrir caminhos de futuro, de uma nova esperança para o Brasil e para os trabalhadores.

Nessa caminhada, desafios de monta se colocam para as forças progressistas e de esquerda. O primeiro passo é consolidar o movimento de ida ao segundo turno. Esse processo precisa ser realizado sem atritos com as outras candidaturas de centro esquerda. Todo ataque a essas candidaturas é desserviço!

Outra importante frente de ação é a construção de pontes para o segundo turno, para a vitória eleitoral e para a preparação do futuro. Uma quinta vitória do campo de esquerda terá como grande tarefa a reunificação da Nação. Não há prosperidade, desenvolvimento e enfrentamento das desigualdades, não há afirmação de um novo projeto nacional de desenvolvimento com o país dividido, fraturado.

São cuidados necessários para fazer desse momento efetivamente um sopro de esperança e uma viragem política, de cunho progressista e popular para efetivar um acontecimento alvissareiro, que não pode se tornar só um sonho de uma noite de verão.

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