A corda estica. Até quando?

Por que o povo brasileiro não reage?, perguntam frequentemente militantes, ativistas e articulistas de diversas mídias.

As principais referências para tal indagação são o desastroso governo Bolsonaro, os atropelos processuais da Operação Lava Jato (que resultaram na condenação e prisão sem provas do ex-presidente Lula) e, sobretudo, o visível agravamento da crise social.

Agora o IBGE, através do estudo Síntese de Indicadores Sociais, informa que a extrema pobreza bate recorde e já atinge 13,5 milhões de brasileiros, que sobrevivem com menos de R$ 145 por mês.

Tudo a ver com a crise econômica, que tende a se agravar mediante o figurino ultraliberal do ministro Guedes e equipe.

E que se faz dramática com a ausência de perspectiva. Tanto as idiotices do presidente da República e a instabilidade política visível a olho nu pelo cidadão comum, como a dificuldade crescente de fazer as compras ao final da semana alimentam uma espécie de fogo de monturo da insatisfação das camadas populares da sociedade brasileira.

Fogo de monturo, sim; que pode produzir labaredas adiante.

É que a reação em massa, de milhões de insatisfeitos, não se dá instantaneamente. É permeada por muitas variáveis, da narrativa dominante nas grandes mídias aos impasses do próprio movimento de resistência, ainda muito disperso e carente de uma abordagem atualizada da organização e da mobilização das massas insatisfeitas.

Há, assim, um acúmulo quantitativo – ora lento, ora acelerado – que adiante produzirá um salto qualitativo na consciência e na atitude rebelde da maioria.

O povo chileno, por exemplo, não reagiu de pronto às políticas ultraliberais. Até as explosões atuais demandou tempo transcorrido em pequenas lutas, setoriais ou localizadas, de curta ou média dimensão, até a corda esticar a ponto de romper.

E assim tem sido ao longo da História, aqui e alhures.

A constatação feita a partir desses dados do IBGE, neste instante, dá a dimensão da tragédia e, por extensão, prenuncia o tamanho da inevitável explosão social futura.

Às forças políticas e segmentos sociais de oposição cabe examinar a situação concreta em profundidade e olharem-se criticamente ao espelho, pois diante delas está um imenso desafio para muito além de projetos partidários exclusivistas.

Os destinos do povo e da nação estão em jogo.

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