A denecessária crise nas embaixadas

Para agradar seu público e seguir em sua permanente campanha eleitoral, Bolsonaro e sua turma levam o Brasil a se meter em presepadas totalmente desnecessárias

Foto: Agência Brasil

Impressionante como o Brasil está nas mãos de gente despreparada. Com alguma frequência me pego pensando em como entramos neste buraco que parece sem fim…

Para agradar seu público e seguir em sua permanente campanha eleitoral, Bolsonaro e sua turma levam o Brasil a se meter em presepadas totalmente desnecessárias, como vamos ver neste texto de hoje.

Tomando como base as crises diplomáticas que o governo criou ao longo deste mandato, vamos citar aqui três episódios que mostram como estas atitudes irresponsáveis geram não só dor de cabeça, mas principalmente prejuízo para o comércio exterior brasileiro.

O primeiro e pior de todos os episódios ocorreu em novembro de 2020, quando o deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acusou o Partido Comunista Chinês de espionagem, ao falar sobre a adesão do Brasil à chamada Clean Network.

A embaixada chinesa, na época soltou nota chamando de “declaração infame” e travou, durante um bom tempo, o envio de insumos para vacinas contra a Covid, evidenciando a insensatez do governo federal ao tratar seus parceiros comerciais e, mais do que isso, prolongando a pandemia no país por pura picuinha.

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O segundo episódio ocorreu em março deste ano, quando o ministro da Economia Paulo Guedes chamou o Paraguai de “estado brasileiro mais rico”. O episódio gerou insatisfação do governo paraguaio que soltou nota repudiando a fala e ainda ressaltando sua independência e soberania nacional.

Se lembrarmos que além de parceiro comercial do Brasil, nosso vizinho divide conosco uma das maiores usinas de produção energética do mundo, a binacional Itaipu, é completamente descabida uma declaração deste tipo, que além de grosseira poderia gerar um problema imenso caso o Paraguai houvesse optado por algum tipo de retaliação econômica.

O terceiro e último episódio aconteceu no debate entre presidenciáveis na televisão na última semana. Objetivando atacar a esquerda, Bolsonaro chamou o presidente do Chile de “pessoa que colocava fogo no metrô”, buscando relembrar o passado de Gabriel Boric como militante dos movimentos sociais chilenos.

Obviamente que o governo chileno não ficou calado, convocou seu embaixador no Brasil de volta e soltou dura nota de repúdio ao descabido ataque do atual presidente ao líder eleito do país andino.

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Como esta pataquada foi muito recente, não temos ainda ideia de como o episódio pode repercutir nas parcerias comerciais entre Brasil e Chile, mas o que fica claro é a falta de noção e decoro do atual mandatário do nosso país.

Trago à tona estes três episódios para mostrar como estamos sendo geridos por figuras despreparadas e irresponsáveis, que não conseguem nem mesmo ter o mínimo de respeito por chefes de governo de outros países, colocando as parcerias comerciais do Brasil em xeque, em especial no caso da China, que é a maior de todas.

Precisamos refletir para onde estamos indo e acabar logo com esse descalabro que é este governo, nunca pareceu tão distante o dia 02 de outubro, torço que se encerre aí mesmo esse circo dos horrores que estamos vivendo.

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