A negociata terá resposta!

Com esta composição do Congresso Nacional, com a eleição de Lira, qualquer cidadão ou cidadã que preze a democracia terá que priorizar o combate à barbárie

Deputado Arthur Lira eleito presidente da Câmara dos Deputados l Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Com 302 votos, na segunda-feira (1º), o deputado Artur Lira (PP-AL) foi eleito presidente da Câmara Federal. Juntando a eleição de Rodrigo Pacheco (DEM) para a presidência do Senado, o dia foi de vitória do governo e derrota da democracia. Bolsonaro investiu pesado nestas eleições para que os mais de 60 pedidos de impitiman permaneçam engavetados e ele possa executar com rapidez as reformas planejadas.

O custo desta eleição foi altíssimo, assim como será altíssimo seu preço para o Brasil. Lira é deputado federal por Alagoas, conservador, e coleciona processos como associação criminosa, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e improbidade (rachadinhas). Eleito, sua primeira fala cita três pontos principais: Vacinação, programa social e equilíbrio fiscal.

Vacinação é necessária para o capital seguir lucrando alto e visa os setores sociais indignados com a política genocida. A criação de novo programa social para a imensa massa de miseráveis é necessária para coibir a eclosão de enorme convulsão social resultante da miséria, e pavimenta 2022. Equilíbrio significa que, numa situação de profunda crise fiscal, novamente serão os trabalhadores que pagarão a conta. As receitas de setores essenciais, como educação e saúde, serão ainda mais reduzidas, provocando uma precarização nunca atingida.

As pautas não serão só econômicas. Ao bloco conservador cristão importam principalmente as pautas morais. Estas pautas incluem verdadeiros atentados contra a vida das mulheres, como o Estatuto do Nascituro, que proíbe o aborto em quaisquer circunstâncias incluindo o risco de morte da gestante. A regulamentação da educação domiciliar e o combate ao que chamam de  “ideologia de gênero” são prioridades deste bloco.

Outras pautas devem avançar. A flexibilização do porte de armas, ampliação de excludente de ilicitude e a redução do controle dos governos estaduais sobre as polícias, reforma fiscal e administrativa. A derrota sofrida pelo projeto alternativo ao candidato de Bolsonaro dificulta o combate a tudo que este governo representa. Torna ainda mais urgente e necessária a formação de uma frente ampla capaz de abrigar todos os setores democráticos. Única forma de barrar o fascismo neoliberal que destrói o Brasil. Precisa de bandeiras fortes e unitárias. O papel da esquerda, neste momento, é impulsionar esta frente levantando a necessidade da taxação das grandes fortunas, a moratória da dívida pública com o setor financeiro e as reformas urbana e agrária. Radicalizar agora é unificar, é desconstruir o discurso retrógrado da extrema direita. Estreitar e marcar posição já mostrou seus resultados. É voltar a ocupar os espaços que a esquerda abandonou e que as igrejas fundamentalistas ocuparam, é estar presente, nem que seja de forma virtual, onde estiverem os iludidos, os indiferentes, os decepcionados e organizar a resistência. Com esta composição do Congresso Nacional, com a eleição de Lira, qualquer cidadão ou cidadã que preze a democracia terá que priorizar o combate à barbárie. Com energia, determinação e com muita paciência será possível pensar num Brasil melhor e em justiça social. Que cada um e cada uma descubra seu método, crie sua ação e comece já. Não é hora de marcar posição, é hora de lutar. Frente ampla já

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