A política destrutiva de Alckmin

Será lançado nesta sexta-feira, 23, na capital paulista, o livro “São Paulo: realidade e perspectivas. Efeitos do liberalismo tucano no estado”.

Além do coquetel, haverá um debate com as participações do senador Aloísio Mercadante, candidato ao governo paulista, e do deputado estadual Nivaldo Santana (PCdoB). Antes mesmo do lançamento já foram vendidos quase 2 mil exemplares do livro, o que revela o interesse por conhecer as conseqüências nefastas de 12 anos de reinado tucano em São Paulo. Diante da blindagem da mídia, que evita criticar o “picolé de chuchu”, a obra é um primeiro esforço de sistematização sobre as políticas destrutivas do governador Geraldo Alckmin, candidato da direita à Presidência da República.

O livro é resultado de um seminário promovido pela seção paulista do Instituto Maurício Grabois (IMG), que contou com as contribuições de especialistas em várias áreas. Organizado pela jornalista Rita Casaro, ele possui quatro blocos. No primeiro, intitulado “mutações econômicas – da indústria ao rentismo”, são analisados os estragos causados pela ortodoxia neoliberal. O economista Marcio Pochmann apresenta inúmeros dados que comprovam que o estado se tornou um paraíso da especulação financeira. Hoje São Paulo concentra 81 dos 131 bancos existentes no país; quatro das cinco maiores seguradoras; e 19 dos 20 maiores gestores de fundos. “Tais elementos demonstram a sua perda de representatividade na atividade produtiva e a crescente participação na acumulação financeira”. Outro renomado economista da Unicamp, Wilson Cano, reforça esta análise ao destrinchar a criminosa privatização das estatais paulistas.

O segundo bloco faz um relato pormenorizado sobre “a regressão social em São Paulo”, estudando várias áreas – educação, saúde, segurança pública e cultura. A educadora Maria Izabel Noronha comprova que o governo Alckmin reduziu drasticamente os investimentos na educação, desviou autoritariamente recursos orçados para o setor, rebaixou a qualidade do ensino e arrochou os salários dos professores. Já o médico e deputado federal Jamil Murad revela que a política de saúde do tucanato é altamente elitista, privilegiando o setor privado e marginalizando as áreas mais carentes. O ator Sérgio Mamberti também confirma esta postura elitista na cultura e o deputado Vanderlei Siraque explica porque o estado se tornou um dos mais violentos do país, em decorrência das orientações equivocadas na segurança pública.

O terceiro bloco trata do “desmonte da infra-estrutura”. O deputado Nivaldo Santana, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema), revela os danos causados no saneamento público; Murilo Celso Pinheiro, presidente do Sindicato dos Engenheiros, apresenta dados eloqüentes sobre o desmantelamento do setor elétrico; o especialista Nazareno Stanislau polemiza sobre as políticas equivocadas na área dos transportes; e o deputado Paulo Teixeira comprova o desprezo do governo Alckmin na questão habitacional. “São Paulo tem um milhão de pessoas vivendo em favelas e o governo não tem um programa voltado à sua urbanização”, afirma.

 

Por último, o quarto bloco aborda “as relação autoritários de poder” do PSDB. O professor Ângelo Del Vecchio demonstra que a política neoliberal fortalece os traços antidemocráticos do estado brasileiro. “O espaço da política resulta colonizado pelos temas econômicos, os quais, tomados isoladamente, só fazem aumentar a despolitização”, afirma. Já Nádia Campeão, presidente do PCdoB/SP, desmascara a postura centralizadora e autoritária do governador Alckmin. “É um governo conservador adaptado ao que se pode chamar da nova oligarquia paulista, que se acredita responsável pelo destino nacional por se considerar mais poderosa e ilustrada. Embora não seja uma liderança carismática e nem acene com grandes projetos estratégicos, Alckmin serve bem a este modelo já estabelecido”, afirma.

Como se observa, o conjunto da obra serve como importante munição para o decisivo embate da sucessão presidencial de outubro próximo. O livro desmascara o insosso candidato Geraldo Alckmin, sempre tão protegido pela mídia hegemônica. Ele aponta a “necessidade premente de se resgatar o papel do governo estadual, que precisa ir além do mero encontro de contas ao final de cada ano fiscal, a bem da população paulista e de todo o país. Espera-se que ele sirva à reflexão e ao debate para a construção de um estado forte economicamente, democrático politicamente e avançado socialmente”, comenta Rita Casaro na apresentação desta obra indispensável a todos os lutadores sociais.

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