Avança Brazil

Há uma página das redes sociais com esse título. Assim mesmo: Brazil com Z e sem a vírgula do vocativo. Não é das mais visitadas, mas certamente é um dos muitos atores sociais que partidos e facções conservadoras vêm contratando como militantes virtuais para disseminar seu ódio político, social e racial, notadamente nesses tempos pré-eleitorais. Essa página, porém, diferentemente das outras, já expõe em seu título uma emblemática afirmação da sua militância reacionária.

A modificação da palavra que nomina nosso país indica uma evocação dos tempos em que nossa política externa era submissa aos interesses externos, em especial à política expansionista estadunidense. Tempos em que não só o Brasil, como toda nossa América Latina, contentava-se em ser o que o mundo inteiro, com muita razão, reconhecia: o quintal dos Estados Unidos. Tempos que a citada página, a exemplo de muitas outras, e seus patrocinadores, agora pretendem resgatar.

No caso do vocativo, não surpreende a aparente falta de lustre do seu autor. Há razões para se conjecturar sobre a coincidência do tratamento que se dispensa tanto à soberania do País quanto à correção no uso da própria língua. Esse desleixo lingüístico há muito já acontece com o nome do jornal matinal da principal rede de TV brasileira, chamado de “Bom dia Brasil”, sem o vocativo, mas, felizmente, ainda sem o tal Z. Uma sintonia explícita com o habitual pendor antipatriota da emissora.

É esse o espírito operativo de grande parte desses agentes mercenários da rede, de conteúdo bastante diversificado no universo do conservadorismo. Na agenda de suas postagens, informações como aquela de suspeitoso especialista em computação a dar conta de que seria temerária uma suposta decisão do TSE de não testar previamente as urnas eletrônicas destinadas às eleições de outubro deste ano. Como ilação, a tese de que “se algum candidato da oposição ganhar, não leva”.

O conservadorismo da grande maioria desses agentes de aluguel também é de fácil caracterização, pela explícita repercussão que dá a conhecidos colunistas da mídia reacionária, notadamente Rodrigo Constantino, Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, da revista “Veja”. Arnaldo Jabor, Olavo de Carvalho, Merval Pereira, entre outros agentes da direita, são o que alguém chamou de “penas amestradas”, assoldadadas pelos interesses do poder econômico contrariados com os novos caminhos do País.

A multiplicação dessa militância, remunerada, é bom que se repita, por partidos e facções de viés conservador, reacionário, tem sua razão de ser na indigência oposicionista, carente de um projeto para o Brasil. Seus candidatos a presidência a pregar, genericamente, um governo melhor que o atual, fazendo ecoar uma falsa incompetência do governo Dilma por meio de dados e prognósticos mentirosos que cedo se desmoralizam a cada intervenção mais atenta dos demais participantes da rede.

Principal adversário da presidenta Dilma, Aécio Neves começa sua campanha política a reclamar de um suposto uso político do sucesso internacional da Copa em benefício de sua opositora, no que logo é repercutido por seu aparato da rede. Manobra que logo se desfaz ante a lembrança de que a oposição não fez outra coisa, durante os preparativos do evento internacional, senão usar politicamente, por antecipação, um suposto caos a ocorrer durante o torneio internacional.

“Caos” somente confirmado na acachapante derrota do time brasileiro ante o alemão, nesta terça-feira, fruto da desatualização brasileira com os rumos do moderno futebol mundial, cujos esquemas, dizem os especialistas, têm sua base no espírito coletivo e na disciplina tática. No chamado “legado da copa”, no entanto, uma goleada brasileira a demonstrar ao mundo nossa capacidade de organização, fato já reconhecido em amplo espectro da mídia mundial.

As “penas amestradas”, certamente passarão a repercutir diversas “teses” sobre a derrota da seleção brasileira de futebol, como a do colunista Merval Pereira, atribuindo a “tragédia brasileira” à campanha da reeleição da presidenta, que teria tentado “afoitamente se aproveitar da Copa”. E, dessa forma, reforçando o bater de cabeças oposicionista que trazia a tiracolo sua arma mais poderosa construídas durante os preparativos do evento esportivo, o “não vai ter copa”.

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