BH na contramão do Brasil

Dia cinco de outubro ocorrerão eleições municipais em todo o território brasileiro. O sentido eleitoral desta disputa está intimamente relacionado ao rumo político, econômico e social que o Brasil deverá seguir no próximo período histórico. As eleições mu

Dois modelos antagônicos disputam há algum tempo as diretrizes estruturais e o rumo da economia nacional. Também estão presentes nesta disputa a inserção do Brasil no ambiente internacional e as relações políticas com os movimentos sociais. Duas correntes ditam esta disputa, a nacional desenvolvimentista e a neoliberal rentista, que estão novamente em confronto nestas eleições. Aqui no Brasil, neste último período histórico, quatro partidos confrontam de forma pública esta disputa: PSDB/DEM pela banda dos rentistas/neoliberais e PT/PCdoB pelo lado nacional desenvolvimentista.


 


 


Na disputa pelo retorno ao neoliberalismo no comando do país configura o vale tudo: mídia e lideranças compradas, caixa dois, justiça vacilante, utilização da máquina municipal, entre várias outras manobras inescrupulosas. O retrato fiel de como se dá esta disputa foi visto pela população nas eleições municipais de 2004, marcada por várias CPIs e denúncias articuladas pela oposição ao governo Lula. A investida golpista da oposição influenciou de forma decisiva as eleições municipais daquele ano, causando importantes derrotas na base de sustentação do projeto encabeçado pelo presidente Lula.


 


 


O mesmo roteiro conduzido em 2004 foi perseguido durante todo o primeiro semestre de 2008 pela direita neoliberal. Quem não se lembra da CPI dos cartões, do pseudo apagão energético, da crise aérea, da crise da febre amarela, da crise da inflação, da derrota da CPMF, da tentativa de derrubar a Ministra Dilma Rousseff e tantas outras manobras patrocinadas pela mídia fascista e reforçadas pela base oposicionistas: PSDB e DEM?


 


 


Contudo, as tentativas de alterar o rumo das eleições municipais foram uma a uma derrotadas e desmoralizadas perante a opinião pública. O governo Lula avança em sintonia com a base aliada, alcançando nos últimos dias a maior aprovação popular de um presidente no país. Fortalecido pelo crescimento econômico, distribuição de renda, geração de emprego, obras estruturais e sociais dentre várias outras medidas positivas. A imprensa e a direita neoliberal, vendo a derrota eminente, investem na despolitização da disputa política e mesmo assim, vão perdendo espaço em todos os quadrantes deste imenso Brasil.


 


 


Ao avaliar o quadro eleitoral nas principais cidades brasileiras e principalmente nas capitais, as possibilidades de vitória dos que apóiam o Presidente Lula é evidente. Hoje, das vinte e seis prefeituras a imensa maioria contabiliza vitória do projeto popular e derrota neoliberal. As principais derrotas ficaram a cargo dos tucanos no Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraíba e democratas do Rio de Janeiro. Dentre todas estas disputas a que mais chama atenção é a divisão dos tucanos e democratas: Serra, Alckmin e Kassab na cidade de São Paulo e a derrota fragorosa da governadora Ieda Crusius no Rio Grande do Sul.


 


 


Quando tudo caminhava para uma derrota acachapante do bloco neoliberal em todo o país, surge a figura de Aécio Neves e Fernando Pimentel. Aécio Neves dificilmente teria um candidato competitivo na disputa pela prefeitura municipal de Belo Horizonte, dada a hegemonia de dezesseis anos das forças democráticas e populares, que mudaram de forma significativa o perfil da cidade. Todavia, está no horizonte político do atual Prefeito Fernando Pimentel um objetivo pessoal: disputar o Governo de Minas em 2010. Para alcançar esse objetivo, dividiu o partido dos trabalhadores, distanciou-se dos aliados históricos e aproximou-se de Aécio Neves para constituir uma aliança completamente despropositada.


 


 


Aécio, vendo a ambição de Fernando Pimentel, observando a disputa fratricida dos tucanos e democratas em São Paulo, a impossibilidade de disputar a eleição municipal de Belo Horizonte com uma candidatura própria, não titubeou, negociou a filiação de Márcio Lacerda ao PSB e impôs esse nome à aliança. Para reforçar a opção do mensaleiro Lacerda, usou a ambição do prefeito Pimentel e viabilizou o projeto eleitoral na capital mineira com o apoio de doze partidos. O resultado ainda preliminar desta disputa é uma grande vitória política do Governador Aécio Neves e uma derrota importante das forças que se opõem ao neoliberalismo e rentismo. O mais marcante nesta disputa é a traição inexplicável de Fernando Pimentel ao Partido dos Trabalhadores.


 


 


A disputa ainda não esta definida, as forças e lideranças políticas comprometidas com um projeto desenvolvimentista estão no páreo, denunciando uma aliança despropositada, sem nenhum vinculo programático e ideológico. Uma aliança que traz como candidato um homem que carrega nos ombros inúmeras suspeitas de corrupção. Que nunca disputou um cargo eleitoral. Um empresário que enriqueceu na sombra da ditadura. Que nos últimos anos, enquanto lutávamos contra o neoliberalismo, velejava no mar nórdico. Que esteve envolvido na crise do mensalão. Que sequer participa de debates promovidos pelas várias organizações da sociedade belorizontina. Um eminente poste, a serviço de dois palácios.


 


 


Neste cenário o que se espera da população de Belo Horizonte é um voto crítico neste absurdo arranjo eleitoral, um voto rebelde contra interesses pessoais, um voto de protesto contra esta aliança espúria. Portanto, o que se espera dos moradores da capital mineira, é que, em nossas terras, não seja permitido o renascimento do neoliberalismo, depois de derrotado em todo o país. Não vamos permitir que nas terras de Tiradentes renasçam tucanos e demos, que lutam desesperadamente para reconstruir o projeto político, econômico e social que tanto mal fez ao povo mineiro e brasileiro. Não é muito difícil lembrar da era FHC e o significado desta fase histórica para todos nós. Vamos ao segundo turno. Vamos derrotar a ambição. Vamos avançar em Belo Horizonte junto com o Brasil.

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