Cadeia para os mensageiros da morte

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Num passado não muito distante, setores democráticos e progressistas do Brasil gritaram “Xô Sarney”.

Os jovens pintaram as caras de verde e amarelo e tomaram as ruas com o “Fora Collor”.

Com FHC não foi diferente e, para salvar o Brasil das privatarias, foram à luta entoando o “Chega de FHC”.

A direita brasileira não deixou barato e pediu o “Fora Lula” por ocasião da invencionice do mensalão e deu um “Tchau, querida” à Dilma, abrindo a caixa de Pandora que libertou todos os monstros que ora nos assombram.

Todas essas palavras-de-ordem fazem parte do jogo democrático. Pleitear a saída desse ou daquele governante por discordar de suas práticas ou dos rumos adotados em seus mandatos é algo comum no Estado Democrático de Direito.

Mas não é normal quando se trata de um criminoso confesso como Jair Bolsonaro e vários de seus aliados. Apesar de todas as divergências, nenhum dos presidentes acima citados tinham envolvimentos com milícias (reais e virtuais) e tampouco eram mensageiros da morte.

Bolsonaro é o criminoso que assumiu publicamente sonegar tudo que pode. É quem festeja o Golpe Militar de 1964 e homenageia torturadores. É quem teve a audácia de defender abertamente as milícias em pronunciamento na Câmara. É aquele que defendeu a morte de Fernando Henrique Cardoso.

Contra esse bandido é insuficiente exigirmos o “Basta Bolsonaro”. É imperioso recorrermos a todos os tribunais, nacionais e internacionais, exigindo cadeia para o clã Bolsonaro e toda a escória que, hoje no governo federal, defende abertamente a volta do AI-5, cuspindo na Constituição que juraram defender.

Particularmente, não me agrada a criminalização da política, algo típico do lavajatismo. Mas Bolsonaro não é um político. É um criminoso.

No domingo (19/04), em mais uma aparição em público, tossindo na cara do seu séquito de fanáticos, Bolsonaro cometeu novo crime. Saudou e se se incorporou aos manifestantes que defendem o fechamento do Congresso e do STF.

Ironicamente, pedem o fechamento do mesmo Congresso em que o governo tem maioria folgada e o mesmo STF que lavou às mãos frente a sua eleição fraudada via um exército de robôs nas redes sociais.

Os criminosos querem governar sozinhos. Querem mandar nos destinos dos brasileiros sem nenhum tipo de oposição, como hoje fazem as milícias protegidas por eles mesmos em muitos lugares do país.

Mas dessa vez, as principais vozes políticas do país se levantaram. Fernando Henrique Cardoso, representante maior do PSDB, clamou pela “união ao redor da Constituição contra toda ameaça à democracia. Ideal que deve unir civis e militares, ricos e pobres”. O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, seguiu na mesma linha.

Gilmar Mendes, um dos mais antigos dos Ministros do STF, afirmou que Bolsonaro, ao invocar o AI-5 rasga “o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática”.

Rodrigo Maia, presidente de uma das Instituições mais atacada por Bolsonaro, disse que, em nome do Câmara dos Deputados, repudia “todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição”. Ainda afirmou que “no Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo”.

Lula, por sua vez, o maior representante da esquerda nacional, postou que “a mesma Constituição que permite que um presidente seja eleito democraticamente tem mecanismos para impedir que ele conduza o país ao esfacelamento da democracia e a um genocídio da população”.

Alvissareiro perceber o surgimento da unidade no campo político em torno da defesa da democracia. Independente do espectro partidário, é a democracia o que une a frente ampla de salvação nacional que se exige para interromper a escalada fascista no país.

Bolsonaro é um acidente de percurso. É uma aberração. E como tal deve ser encarado. Deve ser retirado não só da presidência, mas de toda a vida pública. Deve ser denunciado aos tribunais de todo o mundo por crime de lesa-pátria e lesa-humanidade.

É uma tarefa difícil na atual correlação de forças? Certamente. Mas ou enfrentamos a besta enquanto ainda se pode ou ficaremos reféns dos milicianos como ocorre em boa parte do país.

A anistia passou. Foi em uma época específica. Hoje não há espaço para absolvição de criminosos de alta periculosidade à democracia e ao povo brasileiro.

Cadeia para os mensageiros da morte. Cadeia para Bolsonaro.

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