Caos Social: Outro nome para o Brasil

“O descontrole do corona no Brasil todo é similar ao descontrole do presidente: de modo inimaginável, o chefe do executivo simplesmente orientou a população brasileira a desrespeitar as orientações médicas e da Organização Mundial de Saúde (OMS), um verdadeiro crime contra a humanidade que será, de modo correto, denunciado no tribunal de Haia, onde se julgam delitos desse tipo.”

O mês de abril se inicia com o Brasil inteiro imerso ao caos: já não bastasse o crescimento econômico irrisório que experimentamos desde 2016 e o triste cenário de perdas de direitos, agora temos uma pandemia para chamar de nossa!

Como esperado por muitos especialistas, o coronavírus chegou. E chegou forte, trazendo uma situação nunca antes vista no país desde a década de 1910: medidas de confinamento para tentar evitar a multiplicação de casos pelo país afora.

O descontrole do corona no Brasil todo é similar ao descontrole do presidente: de modo inimaginável, o chefe do executivo simplesmente orientou a população brasileira a desrespeitar as orientações médicas e da Organização Mundial de Saúde (OMS), um verdadeiro crime contra a humanidade que será, de modo correto, denunciado no tribunal de Haia, onde se julgam delitos desse tipo.

Apesar de parecer irresponsável (e ser), o que Bolsonaro apresenta faz com que todos passemos a ficar de barba de molho, afinal o que ele quer é jogar com o caos! Nada melhor que uma pandemia para inebriar a óbvia constatação que ele é um incompetente na função que exerce: nada funciona no país, temos um poder executivo paralisado e um bando de ministros lunáticos, capazes de acreditar em sandices do tipo a Terra ser plana (?).

O ex-deputado, alçado ao poder no segundo turno de 2018, é um fanfarrão inconsequente, mas sem dúvida sabe jogar muito bem para parte de seu eleitorado, parte esta, hoje ainda capaz de levá-lo ao segundo turno, como mostram todas as pesquisas recentes.

Promover o caos social dá tempo a toda a família Bolsonaro se preparar para as eleições desse ano, basta ver a movimentação feita junto ao PRB carioca para buscar garantir Crivella, seu aliado da Igreja Universal, no segundo turno, com as filiações de seus dois filhos à agremiação. Isso não é fato isolado, basta ver como está a circulação da base bolsonarista no Brasil inteiro, todos em alerta e mexendo as peças de modo conjunto.

Se teve um erro que a esquerda teve e segue tendo no país, é menosprezar o presidente. Ele fala muito bem para seu público, mantém sua tropa de choque sempre em ação nas redes e segue conseguindo pautar a opinião pública, mesmo que seja para demarcar posição, como tem sido feita contra a mídia nos casos de coronavírus.

Não há dúvidas que se pudesse, o ex-deputado tentaria um golpe, mas não é tão simples assim, afinal de contas não há acordo para isso nem com o Congresso e nem com o Supremo Tribunal Federal (STF), o que impede aventuras ainda mais autoritárias de acontecer.

Entretanto, no meio desse caos todo, existem alguns pequenos avanços que é preciso comemorar: o primeiro deles é desnudar a incompetência do governo para lidar com a pandemia, enfim diminuindo os índices de aprovação de Bolsonaro graças as suas arriscadas e polêmicas declarações. É importante observarmos que falar para seu público de modo direto significa falar o oposto para parcela importante da população, com destaque para a classe média, que voltou a fazer panelaços durante o horário nobre.

Outro ponto que merece ser lembrado é a necessária revogação da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Emenda Constitucional 95, que juntas contribuem para a paralisia do Estado brasileiro, congelando por 20 anos o investimento em saúde, educação, Ciência, entre outros. Observar a presença de ambas no debate é um grande passo rumo ao seu fim.

Mais uma ação importante que temos observado são os jornalões da grande mídia tomarem uma lição com Keynes, entendendo de uma vez por todas que o neoliberalismo é uma praga e é necessário que o estado intervenha na economia ou o país paralisa (Eu confesso que não esperava ver figuras como Mirian Leitão defendendo essa pauta).

Por último, mas não menos importante, é possível ver o avanço, ainda tênue de uma frente ampla em defesa do Brasil, unindo todos aqueles que veem em Bolsonaro um inconsequente incompetente. Os movimentos recentes dos governadores contrários às ações irresponsáveis do executivo para lidar com o coronavírus, bem como a carta da oposição pedindo a renúncia de Bolsonaro são parte importante desse quebra cabeça, que aos poucos começa a ser montado.

Falta ainda muito pela frente e o inimigo não deve ser menosprezado, nem a pandemia e nem o bolsonarismo, mas é possível ver, em ambas as situações luz no fim do túnel graças a Ciência, seja ela biológica ou política.

Até a próxima.

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