Crise no Enem denuncia a destruição da educação promovida por Bolsonaro

Essa crise é a cara desse desgoverno que promove o desmonte da educação pública e tenta a todo custo impedir que a educação cumpra com o seu papel

Milton Ribeiro, Ministro da Educação I Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Não bastasse o menor número de inscritos desde 2005 para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com 3.109.762 de inscrições confirmadas, paira a suspeita de intromissão do presidente da República com censura a questões, consideradas “sensíveis”, de acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira (17).

Segundo o Estadão, 24 questões foram retiradas da prova após uma “leitura crítica”, sendo que 11 delas foram vetadas. Servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), tiveram de imprimir a prova previamente em um procedimento jamais adotado.

Essa denúncia feita por servidores do Inep, responsável pela aplicação do Enem, é extremamente grave. Deve ser rigidamente investigada e, se comprovada, o presidente Jair Bolsonaro pode responder por crime de responsabilidade.

Essa crise é a cara desse desgoverno que promove o desmonte da educação pública e tenta a todo custo impedir que a educação cumpra com o seu papel de disseminar o conhecimento e promover o necessário debate para a sociedade evoluir, se atualizar e caminhar para um futuro melhor.

Inclusive a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o Educafro e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) encaminharam uma Ação Civil Pública que pede “o imediato afastamento” de Danilo Dupas do cargo de presidente do Inep.

Danilo Dupas, presidente do Inep, ao lado de Bolsonaro e Milton Ribeiro I Foto: Gov

A ação se justifica pela suspeita de vazamento do conteúdo das provas em prejuízo da idoneidade do exame, já prejudicado pela dificuldade criada pelo desgoverno federal para a isenção da taxa de inscrição, no valor de R$ 85.

Além dos efeitos nefastos provocados pela falta de acesso à educação de mais de 5 milhões de estudantes durante a pandemia. Somados aos sucessivos cortes no orçamento do Ministério da Educação com uma gestão que trabalha pela privatização do ensino, prejudicando milhões de brasileiras e brasileiros em idade escolar.

Recentemente ocorreram 37 pedidos de exoneração de servidoras e servidores do Inep por causa das denúncias de interferência de Bolsonaro na formulação do Enem. No ano passado, a teimosia em adiar o exame causou a maior abstenção da história com 55% de estudantes ausentes da prova.

Agora, a situação se agrava pela denúncia de censura e modulação do Enem aos interesses espúrios de um verdadeiro desgoverno, destruidor do Estado, das conquistas da classe trabalhadora e do povo brasileiro.

Por tudo o que se vê, o desgoverno Bolsonaro age para acabar com o Enem, que já foi o segundo maior processo seletivo para a entrada na universidade do mundo, perdendo somente para a China.

O Enem ainda se mantém como a mais importante porta de entrada das filhas e filhos da classe trabalhadora no ensino superior, mas corre o risco de retroceder para antes de 2009, ano em que foi transformado nesse grande processo seletivo para universidades de todo o país e até algumas do exterior.

A situação é muito grave. O aparelhamento ideológico pretendido pelo presidente é extremamente perigoso e pode aprofundar o foço da desigualdade educacional e social no país.

O Brasil está voltando a ser uma “república de bananas”. Temos quer por fim a esse desgoverno antes que ele destrua a nação brasileira de vez.

Toda solidariedade aos estudantes e suas famílias, que têm nos estudos a melhor chance de melhorar de vida. O país precisa de mais escolas, mais universidades, mais pesquisas, mais ciência para desenvolver o seu potencial e se transformar numa nação respeitada em todo o mundo, mais do que já foi alguns anos atrás.

Neste sábado (20), todo mundo para as ruas gritar contra o racismo e a plenos pulmões a palavra de ordem das marchas da consciência negra: Fora Bolsonaro Racista.

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