Dois traços da regressão e o que virá em breve

Pelo andar da carruagem, são justificadas as expectativas de que as forças democráticas, se juízo tiverem e convergirem numa direção comum, possam derrotar o tenebroso presidente e a extrema direita

Foto: SérgioLima/Poder360

Negação da ciência em toda linha e incapacidade de sustentar um plano de governo com começo, meio e fim são dois traços marcantes da regressão civilizatória consignada em Bolsonaro e na extrema direita que governa o país.

Tudo o que transpira reflexão, inteligência e inovação é visto como artimanha do inimigo ideológico de esquerda.

Daí o desmonte dos centros e institutos de pesquisa, os tremendos cortes dos recursos da Capes, do CNPq e do FNDE.

E também o sufocamento das atividades culturais, levando na esteira a imposição de condições de subsistência miseráveis a cerca de 5 milhões de trabalhadores.

A regra do governo é: se não é possível o controle absoluto, que se fechem as portas. O Ministério da Cultura, que um dia foi chefiado por Celso Furtado, hoje se reduz a uma Secretaria conduzida por um ex-ator desqualificado e de conduta nada ilibada.

Temas como igualdade racial e de gênero são pautados à exorcização em ambientes supostamente cristãos, alvos de medidas administrativas persecutórias sequenciadas.

Concomitantemente, a gestão já alcançou o primeiro lugar no pódio dos governos que menos aprovaram proposições no Congresso. Isto a despeito da maioria numérica conquistada sabe-se como e a que custo.

Houve Medida Provisória devolvida por não se enquadrar nos requisitos mínimos consignados em Lei.

Entretanto, tão destrambelhado assim o presidente – e a turma que com ele governa – seguem o rumo pré-estabelecido, em que se enquadram as baboseiras pronunciadas pelo presidente a todo instante e, sobretudo, em suas lives semanais.

Ao arrepio do bom senso.

Mas a bel prazer dos seus impulsionadores milicianos digitais.

Foto: Alan Santos/PR

Se o presidente mente despudoradamente, o criticamos pelo absurdo. Mas em sua rede de transmissão digital, que alcança alguns milhões, a mentira é reproduzida como verdade absoluta, dita incompreendida ou “distorcida” pela mídia convencional e pelas oposições.

E assim segue a guerra cultural, que se aproxima do seu segundo teste eleitoral, em 2022.

Pelo andar da carruagem, são justificadas as expectativas de que as forças democráticas, se juízo tiverem e convergirem numa direção comum, possam derrotar o tenebroso presidente e a extrema direita.

Mas não se deve subestimar o tamanho da confusão que as milícias digitais ainda são capazes de promover na consciência de uma parcela expressiva de milhões de eleitores.

Também não se deve subestimar a resistência de forças sociais elitistas e midiáticas que são capazes de contrapor a uma candidatura à esquerda, mesmo que apoiada em ampla e diversificada frente, se fracassadas suas démarches em favor de uma pretendida “terceira via”.

Daqui até o réveillon, o ambiente pré-eleitoral mergulha em especulações. De janeiro em diante, o jogo será pra valer.

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