Eleições e Ideologia

As eleições de outubro próximo apresentam crescentes sinais de intolerância. Um dos exemplos mais contundentes foi a carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, divulgada em sete de setembro passado, aos filiados e eleitores do PSDB.

As manifestações de exacerbação política espalham-se por todo o Brasil. Ressurgem velhos jargões pejorativos contra as esquerdas, historicamente usados durante os períodos de crise em nosso país.  



Não existe clima para o conflito institucional que parcelas do tucanato pretendem criar na sociedade. Até porque vários membros do PSDB condenaram o conteúdo da missiva pública, assinada por FHC.



Algumas afirmações chamam a atenção. A primeira é a de que o candidato Lula será eleito pelos “ignorantes”. Ora, o voto é universal e secreto. A revolução de 1930 enterrou a eleição a bico de pena, o voto em aberto e o caráter discricionário do eleitor conforme a renda, a propriedade, urbana ou rural.



Nesse sentido, ele deixou de ser um privilégio das abonadas elites. A emergência de dezenas de milhões de trabalhadores brasileiros que produzem a riqueza nacional forjou significativamente a cidadania.
Ainda não consolidada. Porque persistem males de origem estrutural. A imensa concentração da renda, a desigualdade social, o não acesso pleno a saúde, educação, casa e salários mais dignos.



A incontestável maioria da sociedade, demonstrada em pesquisas, até o momento, considera que no governo Lula as condições de vida melhoraram significativamente. Quer pela geração de empregos ou em função de programas na área social e outros indicativos.



Nas camadas médias, polarizadas, milhões apóiam o governo. A inflação que no final do governo FHC estava beirando ao descontrole, hoje se encontra em patamares irrisórios.



A vulnerabilidade da economia, uma ameaça constante no segundo mandato de FHC, encontra-se estabilizada. Impõem-se ainda, maior redução das altas taxas dos juros, índices mais robustos de crescimento.



Mas o ex-presidente, “príncipe da moeda”, ameaça desconsiderar o resultado das eleições. Propaga, nas entrelinhas, o golpe. Agrava, sobretudo, a vontade soberana da sociedade. Conduz o seu barco pelas ressacas agitadas do oceano. Na democracia, eleições limpas, assume quem ganhar.


 


Nota


Leia a carta de FHC na íntegra

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