Entrevista pelo WhatsApp

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Quarentena não é bem o termo. Isolamento social, sim – há mais de quarenta dias, Luci e eu só saímos de casa para tomar a vacina contra a H1N1.

E o trabalho é intenso – de governo e político-partidário. O PCdoB mantém-se vivo e articulado, travando a luta nas condições excepcionais da pandemia.

Pelo WhatsApp ela fez a abordagem:

– Vice-prefeito, sou F, tenho 13 anos e “vou lhe entrevistar” agora, combinado?

– Vai me entrevistar, quem disse?

– Minha professora, ela me deu seu telefone e disse que o senhor atende a gente com atenção.

– Ela disse isso? Então, vamos.

– É verdade que o senhor já está há muito tempo em casa e não sai para canto nenhum?

– Verdade.

– Por quê?

– Porque faço parte do grupo etário de risco, sou idoso e hipertenso. Se o vírus me pega pode fazer um baita estrago.

– Sua esposa também?

– Sim.

– Desculpe a pergunta, mas o senhor não se sente inútil?

– Claro que não! Trabalho em casa, me articulo com o Partido, leio, escrevo, alimento minhas redes sociais…

– Fala com as pessoas…

– Falo com muita gente. Estamos nos falando agora, né?

–  É, “tamos” conversando.

– Mais uma pergunta?

– Acabou.

– Já!?

– Terminei, mas tenho uma: o que o senhor posta nas redes sociais?

– Eita, F, agora você me pegou. É tanta coisa, viu? Vá no meu canal no YouTube e no meu blog, você terá uma ideia. Combinado?

– Combinado. Fui!…

E se foi mesmo, deixando-me a pensar quantos coleguinhas dela terão feito as mesmas perguntas a outros idosos indicados pela professora…

Eita! Eis a consciência da idade avançada, que nunca me incomodou, mas a pandemia do coronavírus veio para alertar. É a vida..

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