Entrevista pelo WhatsApp
.
Publicado 30/04/2020 11:14
Quarentena não é bem o termo. Isolamento social, sim – há mais de quarenta dias, Luci e eu só saímos de casa para tomar a vacina contra a H1N1.
E o trabalho é intenso – de governo e político-partidário. O PCdoB mantém-se vivo e articulado, travando a luta nas condições excepcionais da pandemia.
Pelo WhatsApp ela fez a abordagem:
– Vice-prefeito, sou F, tenho 13 anos e “vou lhe entrevistar” agora, combinado?
– Vai me entrevistar, quem disse?
– Minha professora, ela me deu seu telefone e disse que o senhor atende a gente com atenção.
– Ela disse isso? Então, vamos.
– É verdade que o senhor já está há muito tempo em casa e não sai para canto nenhum?
– Verdade.
– Por quê?
– Porque faço parte do grupo etário de risco, sou idoso e hipertenso. Se o vírus me pega pode fazer um baita estrago.
– Sua esposa também?
– Sim.
– Desculpe a pergunta, mas o senhor não se sente inútil?
– Claro que não! Trabalho em casa, me articulo com o Partido, leio, escrevo, alimento minhas redes sociais…
– Fala com as pessoas…
– Falo com muita gente. Estamos nos falando agora, né?
– É, “tamos” conversando.
– Mais uma pergunta?
– Acabou.
– Já!?
– Terminei, mas tenho uma: o que o senhor posta nas redes sociais?
– Eita, F, agora você me pegou. É tanta coisa, viu? Vá no meu canal no YouTube e no meu blog, você terá uma ideia. Combinado?
– Combinado. Fui!…
E se foi mesmo, deixando-me a pensar quantos coleguinhas dela terão feito as mesmas perguntas a outros idosos indicados pela professora…
Eita! Eis a consciência da idade avançada, que nunca me incomodou, mas a pandemia do coronavírus veio para alertar. É a vida..