Escola, pública, gratuita, de qualidade e para todos x Homeschooling

A quem interessa mesmo esse projeto? A uma elite ínfima, que está politizando essa pauta, tentando blindar os filhos de ideias com as quais os pais não concordam

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A recente aprovação na Câmara dos Deputados do projeto que permite a educação domiciliar, a tal homeschooling, mostra bem para sociedade brasileira com quem são os compromissos e quais as prioridades do (des) governo Bolsonaro.

Após um longo período imersos em uma pandemia de Covid-19, com nossos jovens e crianças tendo que estudar de maneira remota e síncrona compulsoriamente, a última prioridade do Brasil na educação nesse momento é um projeto que tenta manter nossas crianças em bolhas, impedindo-as de interagir com o conhecimento construído pela humanidade e com outras crianças.

Além disso, a quem interessa mesmo esse projeto? A uma elite ínfima, que está politizando essa pauta, tentando blindar os filhos de ideias com as quais os pais não concordam, impedindo-os de conhecer a diversidade, a ciência e tudo que construímos até hoje. Afinal de contas, quem tem condições de educar um filho só, isolado da sociedade dos que possuem a mesma idade que eles? Quem possui os conhecimentos didáticos, pedagógicos e científicos nas mais variadas dimensões que possa assegurar isso de maneira plena? E, caso a pessoa não possa fazê-lo só, quem pode arcar com o gasto de vários professores particulares à disposição de seus filhos?

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Pesquisa do DataFolha com uma ONG mostrou que 8 em cada 10 pais se coloca contrário a essa forma de ensino. A pandemia mostrou que precisamos é de ensino público, gratuito, de qualidade e para todos. De preferência, esse tem que ser ofertado de maneira presencial e na modalidade integral, atendendo a demanda real da larga maioria da população brasileira que trabalha praticamente o dia todo fora de casa.

É claro que a participação da família é importante e indispensável no processo educacional da criança, na construção de valores, no apoio e motivação, na participação do processo educativo, mas isso dá-se associado à escola, entendo que esta não é só quadro, pincel, carteiras e professores, inclusive.

A escola é a conexão da criança com a sociedade e com o mundo. Mesmo o Projeto de Lei não ousa desprezar isso, ao obrigar os pais a matricularem seus filhos e aferirem se a criança conseguiu cumprir o necessário no processo educativo no fim de cada ano, isso ocorrendo no ambiente da escola, caso ocorra reprovação dois anos seguidos a criança deve voltar para a escola. Além disso, o projeto exige que os pais tenham nível superior, mas não esclarece em qual curso, podendo tal formação não dialogar com a das crianças que tem sob sua tutela.

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O projeto é uma tentativa do governo federal atender uma demanda das elites que o apoiam, mais uma ferramenta do discurso ideológico que o bolsonarismo professa contra a escola, a educação, a universidades e os professores, além de um grotesco desvio de prioridade.

O Brasil do pós-covid precisa de verbas públicas para escolas públicas, um urgente fortalecimento de nossa rede pública de ensino. Conseguimos, com grande esforço, praticamente colocar todas as crianças do nosso país na escola, mas isso não resolveu a qualidade do ensino, desafio que precisa ser vencido, bem como a manutenção desses percentuais de aderência à sala de aula que vem caindo em tempos de desemprego e inflação elevados.

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