Fim da política de valorização do salário mínimo piora a vida dos brasileiros

De acordo com o Dieese, o salário mínimo, hoje, para uma família com quatro pessoas, deveria ser de R$ 5.997,14

Foto: Maurício Mascaro/Pexels

O fim da política de valorização do salário mínimo, anunciada em 2019 pelo governo Bolsonaro, e o aumento da inflação, estão entre os fatores responsáveis pelo empobrecimento dos brasileiros nos últimos anos. Retomar essa política, bem como os investimentos em saúde e educação, é o primeiro passo para o Brasil reduzir a distância que existe entre ricos e pobres.

“O salário mínimo deve cobrir todas as necessidades do trabalhador e de sua família, deve ser unificado em todo o território nacional e ser reajustado periodicamente para garantir o seu poder aquisitivo”, define a Constituição Federal de 1988, no capítulo “Direitos Sociais”.

A política de valorização do salário mínimo, criada em 2004 e que previa reajustes com base na inflação mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), garantiu ganhos reais para os trabalhadores acima da inflação.

O sociólogo e ex-diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, lembra que essa política resultou na circulação R$ 250 bilhões ao ano na economia brasileira.

Hoje, tudo aumenta. Menos o salário. No último mês, o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) foi o maior em seis anos. Nos últimos 12 meses, a inflação acumula alta de 10,38%. O preço do gás de cozinha, por exemplo, saiu de R$ 69,74, em janeiro de 2020, para R$ 102,40, em janeiro deste ano. Um aumento de 50%.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo, hoje, para uma família com quatro pessoas, deveria ser de R$ 5.997,14.

Ainda segundo os especialistas, para valorizar o salário mínimo, é preciso fazer a “roda” da economia “girar”. Só um crescimento econômico real e sustentável, além de investir nas áreas de saúde e educação, poderá mudar a realidade da classe trabalhadora. Antes, porém, é preciso combater a concentração de riqueza que existe no Brasil.

O novo Relatório sobre as Desigualdades Mundiais confirma que o Brasil continua entre os países com maior desigualdade social e de renda do planeta.

Alguns dados do estudo revelam a nossa triste realidade: Os 10% mais ricos no Brasil ganham 60% da renda nacional total; Os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos do que os 10% mais ricos; A metade mais pobre no Brasil possui menos de 1% da riqueza do país; Os 10% mais ricos possuem quase 80% do patrimônio privado do país.

A erradicação da pobreza no Brasil só será alcançada quando superamos a origem da nossa desigualdade social, política e econômica.

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