Guerra da Ucrânia – decifrando mitos

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Zelensky, presidente da Ucrânia, submete-se aos ditames de Biden

Mais uma vez o imperialismo causa tragédias, não há outra palavra para descrever uma guerra. Independente do motivo que se tenha, sempre é triste ver tantas vidas serem ceifadas em nome de pessoas que nem passam perto de estarem nos fronts.

Ora, se quem está invadindo outro país é a Rússia, por que afirmamos que a culpa é do imperialismo e não da maior nação do mundo?

Antes de qualquer coisa, é importante entender o que vem a ser este conceito. Para Lênin (2005), esta se configura como um novo degrau do desenvolvimento capitalista, neste novo caso, ocorre a dominação do capital financeiro juntamente com os oligopólios, sendo o primeiro resultado das formas de capital, agora sob a forma oligopólica.

O que isso quer dizer? Quer dizer que para saciar a vontade de expansão deste capital financeiro, vale tudo, inclusive colocar mísseis em países que fazem fronteiras com seus inimigos, como o que os Estados Unidos da América (EUA) estão tentando fazer com a Ucrânia via Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

A OTAN, curiosamente foi criada no contexto de Guerra Fria como uma resposta militar dos EUA à expansão dos países comunistas na Europa, então lideradas pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A ideia era ter uma aliança militar entre os países sob influência estadunidense para tentar conter a expansão do principal país vencedor da 2° Grande Guerra.

Acontece que a União Soviética não existe mais desde o início da década de 1990, qual o sentido da OTAN existir? Só um evidentemente, servir de pretexto para que os EUA invadam e combatam regimes que não são de seu interesse, como fizeram com o Iraque, a Líbia e a Síria, só para citar alguns.

Este último inclusive foi uma pedra no sapato dos objetivos ianques, pois a Rússia jogou papel decisivo para evitar que os Estados Unidos colocassem ali um governo fantoche como fez com outros países que invadiu pelo mundo afora.

Agora que entendemos a quem serve a OTAN, temos condições de chegar na Ucrânia, ex-república soviética rica em gás e minerais. Em 2004, agentes do imperialismo fomentaram revoltas populares no país e em outros próximos a Rússia, como Quirguistão e Geórgia mais ou menos na mesma época. Sob o mote de “revoluções coloridas”, o objetivo era derrubar governantes pró-Moscou e colocar no lugar mandatários fiéis ao imperialismo.

Não satisfeitos com os resultados dos protestos da primeira década dos anos 2000, em 2014, mais uma vez os mesmos agentes fomentaram protestos contra o presidente ucraniano eleito Viktor Yanukovych, que foi deposto do cargo e teve que fugir do país para sobreviver.

Liderado por grupos neonazistas, este golpe de estado chegou até mesmo a incendiar sedes de grupos políticos de esquerda, como o do Partido Comunista, que teve vários de seus membros perseguidos, espancados e até mortos. Cabe destacar que essas organizações paramilitares que ali surgiram desde então possuem apoio indireto do governo, perseguindo opositores e defendendo a supremacia racial no país.

Agora, finalmente o objetivo dos EUA havia sido atingido, que era derrubar o regime ucraniano que não era simpático ao Tim Sam e começar a aproximar o país da OTAN, algo que se consolidou com as últimas eleições presidenciais de 2019, onde Volodimir Zelensky, ex-comediante e mais um dos defensores da negação da política, foi eleito.

Com perfil extremamente conservador, Zelensky defendeu abertamente que a nação faça parte da OTAN e tenha mísseis a serviço da Organização em seu território, de maneira que essas ogivas podem ser apontadas a qualquer inimigo do grupo, como por exemplo a Rússia.

Bom, ter um vizinho de fronteira apontando armas para o seu território não é algo simples de ser tolerado, ainda mais com as perseguições a russos (e outras minorias) no território ucraniano por parte de grupos paramilitares.

Em 1962, na crise dos mísseis de Cuba vimos algo parecido, na ocasião, a URSS recuou e não instalou o armamento na ilha caribenha. A pergunta que não quer calar é: por que os ianques não fizeram o mesmo desta vez?

Primeiro porque ali não é o seu território, eles estão pouco se lixando para a Ucrânia, segundo porque a opinião pública ocidental é controlada pelas empresas estadunidenses, o que tende a gerar uma repercussão ruim da Rússia, gerando formas de pressionar o país a recuar através de sanções econômicas.

O que os EUA não avaliaram é que mais de 30% do gás natural da Europa (especialmente da Alemanha) são oriundos do país gelado, será que o continente inteiro vai comprar briga com a maior nação do globo? Não é isso que parece acontecer…

Junto com isso tem o apoio da China, aliado dos russos e que condenou veementemente as atitudes do Tio Sam pedindo soluções diplomáticas para o conflito, mas deixando muito claro a influência da política imperialista para a geração desse caos.

O mais triste de tudo isso, é ver a Ucrânia, pais belo e rico ter chance de ser dizimada por culpa de governantes fanfarrões que topam ser fantoches dos interesses dos Estados Unidos em troca de benesses pessoais, algo comum e que vemos nos mais diversos locais, nós mesmos temos o Sérgio Moro que destruiu o país com a famigerada Operação Lava Jato só para se beneficiar e enriquecer.

Coreia, Vietnam, Afeganistão, Iugoslávia, Líbia, Egito, Iraque, Quirguistão, Geórgia e agora Ucrânia. Alguns países que lembro de cabeça que os EUA destruíram ou apoiaram indiretamente para derrubar regimes que não são de seus interesses.

Se tem um culpado por toda esta tristeza que estamos vendo nos telejornais é o imperialismo capitalista, que na sanha de expandir seus territórios e ameaçar aqueles que não se dobram a seus interesses são capazes de tudo, até mesmo ceifar vidas humanas, que para eles não valem nada.

Enquanto houver capitalismo, haverá confronto, afinal nada é mais lucrativo que a guerra, ainda mais em cenários de crise econômica!

Referências

LENIN, V. I. O imperialismo, fase superior do capitalismo. São Paulo: Centauro, 2005.

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