Histórias que os Pescadores Contam (causo)

Parte I:

Ontonte, eu tinha lido a istória que o JG de Itatiba contô, dum liga que foi pescá no Mato Grosso e lá na bêra do rio iscuitô a vóiz duma pessoa dizeno, com voiz bem fraquinha, repetino, repetino, repetino…:

 -Quando eu estô…; quando eu estô…; quando eu estô… .

O tár foi observá  e viu um remoinho adebaxo dum tronco de ingazêro, donde um gainho incostava num pedaço de disco LP antigo que tava girano no remoinho i se iscuitava: quando eu estô…, como já disse inhantes.

O tár viu que era um pedaço de disco antigo e campiô, do lado de fora i achô ôtro pedaço du mêmo disco. Cum jeitinho, incostô o novo pedaço no antigo e: i num é que o raminho passô dum pro ôtro i o tár iscuitô o Roberto Carlos cantano:

-”Quando eu estô…aqui, eu tenho um pensamento lindo!!!!”

Ara, seu J.G de Itatiba: eu creditei in tudo que o tár falô; viu?Sabe pruquê? Eu conto esse causo.

Parte II:

Se num me fáia as lembrança, isso aconteceu entre 1980 e 1981, num foi mêmo? Eu táva cuma turma do interior de São Paulo, pescano no Mato Grosso i levei uma vitrolinha que comprei uns quinze anos inhantes, quando trabaiva numa fábrica de vitrola em São Paulo. Levei um monte de disco de dupra caipira, musgas de raíz mêmo!.

Só que num tinha apercebido que nos meio dos disco, tinha um LP do Roberto Carlos, que foi lá por puro ingano!

Um da turma, meio intojado, quis que eu tocasse o Roberto Carlos; eu achei mió que não, mai ele insistiu tanto…  Pus o disco na vitrolinha e fui dá uma vórta. Nesse entremeio o pau quebrô de verdade.

Foi um banzero danado. Se batero um em unzunzôtro, ficaro tudo escalabrado! O Texêra, o mais forte, arrancô o LP da vitrolinha e pisô incima dele, cuma fazia quando morava no Rio Grande do Sul: dançô a chula incima do disco e da minha vitrolinha. Ele ainda tacô um pedaço do disco dentro d´água do rio e falô que num tinha ninguém que fazia ele iscuitá aquela musga intojada! Fico brabo mêmo, o pobre. Eu cá comigo pensei no quê a cachaça é capaiz de fazê cum home tão bom daquele ficá com aquela brabura toda….

Desacorçoado, catei os pedaço da vitrolinha e taquei inriba duma arve de ingazêro que debruçava no rio. Nóis tudo fumo imbora. Acabô a pescaria! Isso foi faiz tanto tempo, mai eu num isqueci.

Eu tô contano este causo, pramode de quê  eu queria pedí um adjutório para o J. G. de Itatiba, que ainda tem seus contato com o tár amigo dele.

-Será que ocê, J. G. de Itatiba; num podia pedí pro tár do seu amigo í vê se no raminho que passava no disco indentro do remoinho num tinha a agúia da minha vitrolinha?

Eu ficava sastifeito si ele pudé fazê esse obzéquio pra eu.

Pode sê que o tár amigo num tenha oiado direito, num é mêmo?

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