Indicadores de Desempenho são imprescindíveis para a ação planejada

Esse fenômeno não é novo e tampouco exclusivo de determinada organização. É, em geral, um fato que acompanha as organizações que prezam pelo processo de debate que antecede a tomada de decisão, mas pouco tratam da governança e dos resultados que esperam produzir. Soa estranho, mas isso aparece com força na maioria das instituições e não parece ser diferente nas organizações partidárias.

O processo de planejamento e tomada de decisão é, sem dúvidas ponto alto, de qualquer sistema de ação planejada. Mas, a simples escolha de objetivos e a definição de projetos e ações estratégicas, por mais clareza e unidade que eles expressem em determinada organização, não será suficiente para suportar o processo de monitoramento, medição e avaliação de desempenho.

Trataremos dos papéis básicos que os indicadores podem assumir no processo de monitoramento e avaliação e de suas funções para o Sistema de Ação Planejada e do desafio de estabelecer um sistema de indicadores de desempenho da atuação partidária.

Indicadores são placas de sinalização dispostas na estrada do Plano, que precisam ser lidas e respeitadas

Os indicadores podem assumir dois papéis básicos:

Posicionamento – aponta para um nível que se refere a posição, por exemplo: o indicador número de filiados ao PCdoB em determinada empresa estratégica demonstra o contingente de filiados existente; porém, isoladamente, não permite que se chegue a outras conclusões;

Avaliação – busca, na sua própria construção, a agregação de valor que propicie uma análise. Exemplo: relação entre o número de filiados no Partido em determinada empresa estratégica e o número total de trabalhadores daquela empresa.

Os indicadores podem traduzir o desempenho do trabalho em cada um de seus estágios. São tipos de indicadores:

Indicadores de insumo – relacionados ao volume de insumos e ou recursos utilizados no processo de trabalho (pessoas, equipamentos, matéria-prima, etc.);

Indicadores de processo – focaliza a atividade ou atividades que geram o produto, ou seja, tem ligação com o processo de transformação dos insumos em produtos. São exemplos: número de horas de formação; tempo de realização das atividades; periodicidade de realização dos debates ou reuniões dos organismos; etc.

Indicadores de produto – especificam e quantificam os bens e serviços (produtos) produzidos. São exemplos: número de pessoas filiadas no período; número de eventos realizados; número de reuniões de Base, número de vistas às universidades e locais de trabalho, quantidades de materiais distribuídos; etc.

Indicadores de resultado – deve traduzir o efeito desejado e refere-se ao impacto esperado. Em uma campanha de filiação, por exemplo, no qual o indicador de produto seja o nº de novos filiados, o efeito desejado pode ser ampliar a militância do Partido, ou ainda, o número de novos filiados que se engajaram em uma OB. Assim, um indicador de resultado possível seria o número de militantes incorporados ao PCdoB ou ainda, o número de organismos de base em funcionamento.

Avaliação de Desempenho

Por desempenho pode ser entendido o nível de empenho desejado ou alcançado na realização de um determinado processo. Assim, pode-se mensurar o desempenho na aquisição dos insumos, na utilização dos insumos, na produção de bens e serviços e impacto dos produtos gerados.

Com a função de avaliação, seguem os tipos de indicadores: 


Economicidade – relacionado à aquisição dos insumos e ao uso dos recursos;

Eficiência – relacionado ao esforço realizado, ou seja, nível de utilização dos insumos;

Eficácia – focaliza os produtos gerados tanto nos aspectos quantitativos quanto nos qualitativos;

Efetividade – mensura o impacto alcançado com os produtos gerados.

Foco nos Resultados

Definir um conjunto de indicadores de desempenho é imprescindível para o sistema de ação planejada. Dispor de um painel que possa ser utilizado por toda a organização nos diferentes níveis de atuação pode assegurar flexibilidade tática ao Plano, que de outra forma estaria engessado e condicionado apenas aos balanços finais de cada processo de trabalho. Além disso, permite que tenhamos capacidade de intervenção no curso das ações definidas, promovendo atualizações e ajustes sempre que necessário. Os indicadores permitem ainda estabelecer comparações e curvas de desempenho entre diferentes instâncias e organizações, contribuindo para o aprimoramento de toda a organização. Basta lembrar, como nos utilizamos de sistemas de indicadores já consagrados para a análise situacional e a tomada de decisão em diferentes frentes de atuação.

Se nos valemos dessa sistemática de análise na economia, na política e nas eleições, por exemplo, devemos tratar de estabelecer um painel capaz de suportar o processo de monitoramento da atuação política e estruturação partidária. É, sem dúvidas, um desafio tão relevante quanto o debate acerca de uma metodologia e dinâmica próprias de planejamento estratégico no Partido.

Observação: Este é o oitavo texto de uma série de artigos que serão publicados semanalmente e que tem procurado oferecer elementos ao debate do Sistema de Ação Planejada do PCdoB. Caso queira, poderá acessar os temas anteriores:

1 _ A ação planejada a serviço da luta política e da estruturação partidária
2 _ Pra começo de conversa
3 _ A construção do Mapa Estratégico da atuação do PCdoB
4 _ Segundo passo do processo de Planejamento Estratégico
5 _ O modelo de gestão do Portfólio de Projetos
6 _ A definição do FOCO de atuação do PCdoB
7_ Metas claras e indicadores para traduzir e mensurar nossos objetivos