Indústria e geração de emprego: boas notícias não virão de Brasília

Temos um presidente incapaz em liderar quaisquer iniciativas que gerem os empregos necessários para o Brasil respirar.

Ao longo dos últimos dez dias, vieram a público três notícias muito relevantes sobre novos investimentos na indústria brasileira. Em meio ao cenário caótico no qual o país se encontra, o povo da Bahia, de Minas Gerais e de São Paulo tomou conhecimento de projetos que poderão criar alguma perspectiva de retomada do desenvolvimento e de geração de novos postos de trabalho.

A primeira notícia veio da Bahia. Na Boa Terra, o governador Rui Costa assinou, no último dia 13 de maio, um memorando de entendimento entre o governo estadual e a empresa chinesa Easteel, que pretende investir cerca de US$ 7 bilhões na implantação de um grande parque industrial, com potencial de criação de 30 mil empregos.

O projeto contempla a construção de um grande parque industrial integrado, composto por siderúrgica, usina de energia e diversas unidades fabris, além de uma fábrica de cimento capaz de produzir anualmente 5 milhões de toneladas.

A segunda notícia vem de Minas Gerais, mais especificamente de Betim. Nesta quarta-feira (22), a FIAT anunciou um investimento extra de US$ 500 milhões para ampliar as instalações atuais, visando à fabricação de novos modelos de motores, com o potencial de gerar 1.200 postos de trabalho. Diante do histórico de demissões de trabalhadores da FIAT nos últimos anos, trata-se de algo a ser saudado.

Por fim, em São Paulo o governo estadual anunciou nesta quinta-feira (23) um programa de incentivo à indústria. Foram elencados 11 setores, que representam 75% da indústria de transformação do estado, com o propósito de que as empresas recebam alguns tipos de benefícios, tais como regimes tributários especiais, financiamentos mais vantajosos, programas de qualificação de mão de obra, implantação de infraestrutura e estímulo à pesquisa e tecnologia.

O momento atual do Brasil é tão complicado, que até mesmo ações envolvendo governos conservadores como os de Zema (MG) e Doria (SP) merecem atenção especial da classe trabalhadora. Como disse certa vez o histórico líder chinês Deng Xiaoping, “não importa a cor do gato, desde que ele cace os ratos”. Com 13 milhões de desempregados, as ações dos governos estaduais podem ser uma alternativa viável para a nossa luta.

Temos um presidente incapaz em liderar quaisquer iniciativas que gerem os empregos necessários para o Brasil respirar. Além disso, temos visto que as pautas do Congresso Nacional nos últimos anos estão alheias às verdadeiras demandas populares. O diálogo mais efetivo em nível estadual pode ser uma boa estratégia de ação para os nossos sindicatos. Cabe aos nossos dirigentes criar as condições necessárias para garantir o diálogo com governos e empresários de sua região, de modo que nossas principais bandeiras de luta estejam na ordem do dia em toda e qualquer negociação.

Ao longo dos últimos anos, em especial no período posterior ao Golpe de 2016, a FITMETAL vem realizando debates e estudos com o sentido de estimular a reindustrialização do país. Mesmo em condições adversas, seguiremos defendendo essa pauta em todos os espaços de discussão possíveis, sempre em defesa da geração de novos empregos e do desenvolvimento.

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