Jair Bolsonaro e Iván Duque: Dois bufões na COP-26

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Foto: Alan Santos/PR

O geógrafo marxista David Harvey diz que se fala comumente da “crise ambiental” do capitalismo, e então avisa que muitos gritaram “fogo” muito rapidamente, como Malthus ou Ehrlich, projetando catástrofes a partir do crescimento exponencial da população ou das previsões de escassez no final dos anos setenta, quando a verdade é que o capital se recompõe a partir da própria natureza.

A opinião de Harvey não nega que a crise contemporânea é diferenciada e suas consequências agravadas pela pandemia. O que observamos é que a geopolítica, os projetos minero-estratégicos e o discurso falacioso envolvem a questão ambiental e já no contexto latino-americano, bufões como Duque e Bolsonaro brincam perigosamente com a biodiversidade.

Sabemos que ao longo da história pequenos personagens com ares de grandeza e medíocres com ar de superioridade tendem a se comportar como se o mundo os aplaudisse. Os fantoches de “outros” dificilmente reconhecem seu papel. Nesse caso, os “outros” são, obviamente, aqueles que fazem da natureza uma mercadoria dentro da roda da circulação e da acumulação do capital.

Nesse sentido, como exemplifica Harvey, a planta em crescimento é incorporada ao agronegócio e parte do lucro gerado é reinvestido para que volte a crescer no próximo ano. Entre a semente, o composto, os nutrientes e a engenharia genética, tudo vira um negócio gigantesco.

As tecnologias ambientais têm preços elevados nas bolsas internacionais e o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e as condições de vida das comunidades pouco importam nesta dinâmica desprovida de qualquer sentido ético.

Por isso é grande o desafio de quem entende a natureza e a terra como sujeitos de direitos, que reconhece os saberes indígenas, se opõe às estruturas de poder e resiste ao neoliberalismo privatizando os recursos ambientais.

Chamamos a atenção para o assunto porque no dia 31 de outubro em Glasgow, Escócia, começa a conferência UN-COP 26, que fará um balanço dos compromissos assumidos na Convenção do Clima de 1994 e no Acordo de Paris de 2016. Duque e Bolsonaro, reunidos em Brasília, declarou que eles virão juntos para a reunião.

Essas palavras seriam ridículas se não fosse pelo fato de que a pintura é trágica. No Brasil, por exemplo, este é o ano com os maiores índices de destruição do bioma Amazônia. De agosto de 2020 a julho de 2021, 8.712 km² de floresta foram derrubados. E não é segredo para ninguém que a agenda ambiental é hostil às políticas de preservação.

Duque, por sua vez, se esforça para dizer que a Colômbia é líder no assunto, mencionando reuniões burocráticas e acordos inconseqüentes, enquanto o que ficou claro para o mundo é que ele lidera um regime político que não hesita em massacrar indígenas e camponeses. , que é completamente ignorante em conter a mineração ilegal e a expropriação de terras, enquanto busca oportunidades para promover a entrada de grande capital em megaprojetos e negócios nas costas do povo.

Aliás, o Bolsonaro autorizou a passagem de tropas dos Estados Unidos em novembro deste ano para a realização de exercícios militares. Requisito do almirante Craig Faller em sua recente visita. Mas vamos comentar sobre isso mais tarde porque por enquanto estou me preparando para testemunhar o show dos bufões que estarão em Glasgow.

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