Lula-Alckmin e o gesto taticamente contido

Sob esse guarda-chuva, um conjunto de proposições a um só tempo avançadas e contidas. Pois não caberia detalhamentos precipitados, que em nada contribuiriam para tornar mais nítidas as intenções proclamadas no texto

Foto: Ricardo Stuckert

Assume peso específico muito importante o lançamento do documento da chapa Lula-Alckmin “Diretrizes para o Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil”, terça-feira última.

Tem conteúdo avançado e, ao mesmo tempo, considera os limites da consciência tática.

Uma proposta em construção, seja porque o bom senso assim recomenda, na medida em que o programa de governo propriamente dito há de se configurar uma vez instalado o ministério e outras posições equivalentes, com os pés fincados na realidade concreta administrativa financeira e fiscal; seja também porque a frente eleitoral ampla em torno da chapa Lula-Alckmin ainda está em construção e almeja se alargar para além dos sete partidos que a compõem.

Então, as diretrizes ora sintetizadas no documento lançado estão postas a exame e abertas à cooperação de amplos segmentos da sociedade, através da plataforma virtual https://bit.ly/3nd6Pza igualmente lançada na terça-feira última.

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Também são objeto da troca de opiniões com outras agremiações e segmentos políticos partidários que, na tradição brasileira, necessariamente não comparecem unos ao embate eleitoral.

É consensual a tarefa da reconstrução nacional e o reconhecimento do papel preponderante do Estado — “nem máximo nem mínimo, mas suficientemente forte” para preservar a soberania do país e conduzir um programa de desenvolvimento que reestruture a economia brasileira e a reconquista de direitos e de condições de vida dignas para o conjunto da população, como se deduz da breve intervenção da presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos.

No texto, se assinala o “compromisso com a defesa da igualdade, da democracia, da soberania e da paz, com o respeito ao resultado das urnas, com a qualificação da representação política, a humanização do governo, a ampliação da representatividade e da participação popular e a reinserção do Brasil como protagonista global pela democracia, pela paz, pelo desenvolvimento e pela autodeterminação dos povos.”

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E sob esse guarda-chuva, um conjunto de proposições a um só tempo avançadas e contidas. Pois não caberia detalhamentos precipitados, que em nada contribuiriam para tornar mais nítidas as intenções proclamadas no texto. Apenas suscitariam questionamentos de toda ordem, mal-intencionados, a exemplo do que vem ocorrendo nos editoriais da grande mídia corporativa, que monopoliza a comunicação de massas e se vê frustrada no patrocínio de uma desmilinguida “terceira via”, de centro-direita.

No seio da militância partidária e dos amplos segmentos da população crescentemente atentos ao embate eleitoral cabe agora desenvolver o debate e, digamos assim, armá-los com argumentos consistentes e compreensíveis para a busca da consciência, da confiança e do afeto dos milhões de eleitores que propiciarão a vitória em outubro

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