Metaverso da mentira e de ódio: verdade x pós-verdade
O poder inquestionável de quem detém informação dita os rumos da civilização, inclusive comportamentais.
Publicado 09/03/2022 11:13 | Editado 09/03/2022 11:15
O conceito de “pós-verdade” recebeu a definição de “informação ou asserção que distorce deliberadamente a verdade, ou algo real, caracterizada pelo forte apelo à emoção, e que, tomando como base crenças difundidas, em detrimento de fatos apurados, tende a ser aceita como verdadeira, influenciando a opinião pública e comportamentos sociais.”. Esse neologismo somado às fake news explica em partes o ambiente social da atualidade.
A “verdade”, cujo conceito é “propriedade de estar conforme com os fatos”, passa, então, por um processo de desvalorização? O facilitador para a construção desta distopia seria a internet? Se pensarmos desta forma, as mídias sociais teriam importante papel enquanto propagadoras. Se considerarmos ainda como positiva a resposta para esta questão, então seria importante refletirmos sobre alguns dados que envolvem o interesse do brasileiro pelas plataformas de mídias sociais. De acordo com dados da Global Web Index de 2021, o Brasil aparece em primeiro lugar no ranking de países que mais usam mídias sociais no mundo, com preferência pelo WhatsApp e Instagram – segundo a “Panorama Mobile Time – Uso de apps no Brasil (Dezembro de 2021)”.
Essa distopia da contemporaneidade é uma espécie de “metaverso da mentira e de ódio” cujo conceito que exploramos aqui gira em torno de uma realidade virtual, um espaço coletivo construído pela soma de “fake news”, “pós verdade” e “internet” com amplo engajamento gerado principalmente pelo conceito que atribuímos a “pós verdade”: a capacidade de apelar para as emoções e crenças pessoais. Porém, ela produz contribuições e consequências significativas na realidade social e política.
A informação é um bem e um direito. O poder inquestionável de quem a detém dita os rumos da civilização, inclusive comportamentais. Neste contexto da sociedade da informação, do excesso de informação, a quem interessa a desinformação e a inerente manipulação?
Nesta realidade imposta é necessário checarmos os fatos, verificarmos os dados, acessarmos fontes jornalísticas confiáveis. Mais uma vez, o trabalho do profissional jornalista marcará as páginas da história, como defensores que são da democracia e indo de encontro às ferramentas de arroubos autoritários de quem não suporta viver sob a égide da verdade.