Ministro da Defesa e a Brilhantina Zezé contra a democracia

Seu patético papel é servir de voz para o Mandrião manter as instituições, os movimentos sociais, os partidos e boa parte da sociedade apavorados

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Jânio Quadros que, segundo dizem, armou um golpe, sem ter base nenhuma, renunciou e foi embora, deixando a presidência sob a mira dos ministros das armas, que simplesmente impediram o vice-presidente de pousar no país, para assumir a vacância. Exigiram que fosse montado, às pressas, um” sistema parlamentarista”, para que o vice-presidente, João Goulart pudesse, enfim, voltar ao país e assumir o cargo de chefe de Estado. Isso foi em 1961.

Três anos depois, as mesmas forças armadas depuseram Goulart e instalaram uma ditadura que só terminaria oficialmente em janeiro de 1985, isso depois de uma transição feita pelos militares e para os militares, o que preservou a casta golpista de 64 e manteve vivo golpismo dentro dos quarteis, até ser “liberado” pelo bolsonarismo fascista.

O relato acima nada tem de novo, afinal de contas, em 1937, um ardil, uma mentira escandalosa, forneceu o discurso para que Getúlio Vargas desse um golpe e impusesse o Estado Novo, com o total apoio de generais, que duraria até perto do de 1945 quando ele, Getúlio, foi deposto pelos militares, boa parte deles seus apoiadores, para que, de acordo com estes militares, muitos dos quais estavam em 1937, houvesse “eleições limpas”.

Leia também: Senadores querem agravar pena para homicídio por intolerância política

E se olharmos com um certo cuidado veremos que dentre os elementos presentes na crise de agosto de 1954, que levou ao suicídio do presidente Vargas e vários golpes e contragolpes, que possibilitaram a posse do eleito, Juscelino Kubistchek, estavam as forças armadas, pressionando armando golpes e ameaçando a jovial democracia.

Atualmente, o papel vergonhoso desse ministro da Defesa, que insiste em utilizar seu cargo, criado em 1999, depois de quase 15 anos desde a redemocratização, em chafurdar a democracia, ameaçando de forma escancarada o processo eleitoral, passará à história como mais um desses tempos sombrios, em que os generais se auto-proclamam “salvadores da pátria”.

Claro que esse ministro da Defesa segue as ordens do Boca Podre. Não há outra coisa a se pensar. Seu patético papel é servir de voz para o Mandrião manter as instituições, os movimentos sociais, os partidos e boa parte da sociedade apavorados, temendo que esses generais subam nos seus enferrujados tanques e entronizem esse Napoleão de Hospício, como o “duce” tropical.

Esse mi-mi-mi do ministro da Defesa, que parecer usar a célebre Brilhantina Zezé, para manter seus cabelos sempre brilhantes, seria motivo de riso numa democracia consolidada, mas nas condições em que estamos, serve de alerta para todas as forças políticas que querem a democracia, unir esforços para derrotar essa sanha golpista desses generais, prisioneiros dos anos 70.

Talvez, num futuro, o próximo presidente possa, de fato, colocar fraldas geriátricas nesses generais e mandá-los para o Clube Militar, de onde passarão as tardes entrincheirados nos tabuleiros de damas, enquanto gralham palavrões e palavrórios contra a democracia.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor