"Modernização" dos arsenais nucleares, ameaça mundial

O Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês) lançou nesta segunda-feira (13) dados que esclarecem a atual tendência mundial dos arsenais nucleares. Apesar da tímida redução no número dessas armas de destruição em massa, os crescentes gastos com a modernização dos arsenais, principalmente pela potência imperialista por excelência, os Estados Unidos, mantêm ou elevam o nível da ameaça a todo o planeta.

“No início de 2016, nove Estados – os EUA, a Rússia, o Reino Unido, a França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte [República Popular Democrática da Coreia] – possuíam aproximadamente 4.120 armas nucleares operacionalmente posicionadas. Se todas as ogivas nucleares forem contabilizadas, esses Estados juntos têm o total de aproximadamente 15.395 armas nucleares, comparadas com as 15.850 do início de 2015,” aponta o SIPRI.

É preciso ressaltar que, destes países, Israel não admite – mas também não nega – possuir armas nucleares, impedindo as autoridades competentes, nomeadamente a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), de fazer vistorias de um programa que, estima-se, existe desde a década de 1970.

Desde 2011, os Estados Unidos e a Rússia implementam o Tratado sobre Medidas para a Contínua Redução e Limitação de Armas Estratégicas Ofensivas (Novo START), mas programas custosos e intensivos de modernização nuclear também avançam. O instituto sueco ressalta que os EUA planejam gastar US$ 348 bilhões (aproximadamente R$ 1,2 trilhão na conversão atual) no período entre 2015 e 2024 para a manutenção e adaptação das suas forças nucleares.

Estimativas ainda sugerem que o programa estadunidense de modernização do arsenal nuclear custará US$ 1 trilhão (R$ 3,45 trilhões) nas próximas três décadas. A tendência vai de encontro às promessas do presidente Barack Obama pela redução do papel do arsenal na “estratégia nacional de segurança” estadunidense. Como fica evidente, a ameaça nuclear é abertamente recuperada enquanto instrumento preponderante da política externa hegemonista e imperialista dos EUA.

Esta é também a lógica de disseminação da presença militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), cujo programa “partilha nuclear” ainda permite aos EUA posicionar dezenas das suas ogivas na Turquia, na Itália, na Bélgica, na Holanda e na Alemanha, enquanto a aliança beligerante segue avançando em direção à vizinhança russa a pretexto de "garantir a segurança" da Europa.

Neste avanço, as parcerias ou protocolos de adesão de novos países do leste europeu à OTAN, a instalação de sistemas antimísseis com capacidades nucleares e o destacamento de tropas e caças de combate estadunidenses tão modernos que sequer estão à venda, entre outras demonstrações de força, somam ao ambiente de tensão.

Em protesto, os movimentos anti-imperialistas têm retomado o Apelo de Estocolmo, lançado em 1950 pelo Conselho Mundial da Paz, para denunciar a lógica de ameaças assentada nas armas nucleares e outras armas de destruição em massa. Além disso, as organizações têm reforçado uma campanha global pela dissolução da OTAN, que realiza uma cúpula em Varsóvia no próximo mês, onde movimentos diversos convergirão para uma conferência e um protesto, ainda sob a ameaça da repressão fascista que ganha terreno na Polônia.

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