Na UTI e nas ruas. Por Luciano Siqueira
Desde a terça-feira passada voltei às ruas, que frequento com a militância da campanha do nosso deputado Renildo Calheiros, candidato à reeleição
Publicado 15/09/2022 15:10 | Editado 16/09/2022 15:51
Tudo começou há quase 15 dias atrás: numa feirinha de orgânicos, aqui no bairro, às 6h da manhã, esse amigo de vocês teve um desmaio.
Socorrido na emergência do Hospital Unimed 3, no Recife, constatou-se um quadro de fibrilação atrial — que vem a ser um distúrbio cardiovascular— e por conta disso fui feito hóspede da UTI por quase 24 horas.
Nada oculto, mas também nenhum segredo. E, como dizia o cronista social Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe.
E assim, pouco a pouco, foram se sucedendo telefonemas e mensagens pelo WhatsApp, de amigas e amigos e muitos outros simples conhecidos, solidariamente interessados em saber do meu estado de saúde.
Com uma contradição flagrante: desde a terça-feira passada voltei às ruas, que frequento com a militância da campanha do nosso deputado Renildo Calheiros, candidato à reeleição; e de candidaturas de camaradas do Partido que têm base no Recife, território onde preferencialmente atuo como militante desde a adolescência, quando era prefeito do Recife Miguel Arraes. Em priscas eras, diria Haroldo Lima
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Hoje cedo estive em duas panfletagens matinais, uma delas inclusive com a presença da nossa vice-governadora e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos.
Aqui e acolá a pergunta: “Oxente, você não está doente!?”
Ou: “Os médicos te liberaram para enfrentar o sol quente nas ruas?”
Ou ainda: “Rapaz, você está dirigindo seu carro, isso não é arriscado?”
Pacientemente respondo que estive na UTI sim, porém segundo os meus médicos minha saúde é ótima, se assemelha à de uma criança saudável.
(Eles, os médicos, dizem isso mesmo, analisando a bateria de exames radiológicos, digitais e bioquímicos a que me submeti. Desconfiam que o distúrbio cardiológico momentâneo talvez tenha a ver com sequela da Covid, mesmo que eu tenha tido a doença na forma clínica leve). Até postei um vídeo no Instagram https://bit.ly/3DsQ3FR esclarecendo minha situação
Na verdade, não havendo nenhuma contraindicação, muito mais do que anti-hipertensivos e betabloqueadores, faz-me bem estar nas ruas.
É do meu DNA, como se diz. Nunca saí das ruas, sobretudo nas campanhas eleitorais — sendo eu ou não candidato. Inclusive nos 20 anos em que estive totalmente absorvido pela chamada frente institucional, tendo sido vice-prefeito do Recife por quatro vezes, uma segunda vez deputado estadual e também vereador na capital.
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Atribuições de direção partidária não nos eximem do contato direto com o povo e da convivência com a militância partidária e ativistas do campo popular e democrático in loco.
Muito ao contrário!
É nas ruas que a gente percebe com uma aproximação maior o nível de consciência do povo, o grau de ligação dos militantes com os segmentos da população aos quais pertencem, a aderência ou não do nosso discurso e assim por diante.
Creio também que nenhum dirigente comunista exercerá bem seu papel prescindindo de mergulhos na realidade concreta através da vinculação com a militância de base em movimento.
E a disputa eleitoral na qual nós estamos envolvidos, em plano nacional e em cada estado, nas atuais circunstâncias do mundo e do Brasil, é rica de elementos novos para os quais é preciso ter a sensibilidade de perceber e a paciência de analisar, inclusive para constatar o surgimento de novas formas de luta e de organização.
O velho Lenin, genial dirigente da Revolução Russa, já nos advertia, na passagem do século 19 para o século 20, que a cada nova conjuntura, embora persistam formas antigas, o próprio povo cria meios novos de resistir e lutar e de se organizar.
Então, ainda movido pelo meu entusiasmo militante, celebro a felicidade de ter ficado tão pouco tempo na UTI e de contar com médicos competentes e maduros o suficiente para me liberarem para a batalha nas ruas.