Nada fácil para ninguém

Diferentes forças políticas se movimentam nos preparativos para as eleições gerais do ano vindouro, em ambiente marcado pela crise e pela instabilidade

Fotomontagem feita por Artur Nogueira com as fotos de: PDT/Divulgação; João Dória/Twitter/Reprodução; Sérgio Moro/Twitter/Reprodução; Ricardo Stuckert; Alan Santos/PR; Vladislav Vasnetsov/Pexels

No meio do caminho tem muitas pedras — e para ninguém está fácil contorná-las.

Assim se pode resumir o cenário no qual diferentes forças políticas se movimentam nos preparativos para as eleições gerais do ano vindouro, em ambiente marcado pela crise e pela instabilidade.

Mesmo a pandemia, que vem numa trajetória de queda, dá sinais de recrudescimento agora sob a ameaça da variante ômicron.

Na fase pré-eleitoral de 2006, o experiente senador pernambucano Marco Maciel, ex-vice-presidente da República de Fernando Henrique Cardoso, assinalou que dificilmente seria possível derrotar o presidente Lula, que preparava sua reeleição, porque a economia ia bem.Esse seria, segundo ele, um fator decisivo para os humores da maioria do eleitorado, inibindo a construção de alternativas consistentes no lado oposicionista.

Hoje, é inegável o progresso do chamuscado presidente Jair Bolsonaro em sua tentativa de juntar forças no intuito de se reeleger. O ingresso no PL coroa o pragmático entrosamento com o Centrão, que lhe assegura (pelo menos temporariamente) maioria parlamentar, tempo de TV, recursos de origem legal e capilaridade na campanha eleitoral.

Na outra ponta, o ex-presidente Lula — cuja competitividade parece se consolidar, segundo as pesquisas —, movimenta-se cuidadosamente no sentido de compor uma chapa em torno da qual possa arregimentar apoios amplos e diversificados.

Mas Lula candidato terá que enfrentar muitos obstáculos. Basta anotar os primeiros sinais de que, da parte da grande mídia, possivelmente virá fogo pesado.

No meio do campo, movimenta-se a turma da chamada terceira via. Tanto Ciro, à esquerda, como Dória, Moro e outros à direita, ainda não encontram chão firme em que possam pisar. E o ambiente social e político segue esquentando, qual fogo de monturo, na esteira do agravamento da crise econômica.

Desemprego, inflação, carestia e fome são os sinais mais evidentes de deterioração do ambiente social. Ponto para a instabilidade e, em certa medida, para uma boa dose de imprevisibilidade.Nesse cenário, ainda é cedo para previsões afirmativas. Mas dificilmente Jair Bolsonaro encontrará condições consistentes para sua reeleição. Como diria Marco Maciel, com a economia desse jeito não dá.

E do outro lado da rua, erra quem presume que a estrada se abre fácil para o ex-presidente Lula e que o espectro político de centro direita, o rentismo, o poderoso agronegócio e as chamadas “forças externas” e a grande mídia não serão capazes de viabilizar uma candidatura competitiva com rótulo de terceira via.

A vida não está fácil para ninguém.

Nesse cenário, o PCdoB se move apoiado em correta concepção frentista, ampla e flexível, e se empenha na concretização de uma federação partidária que pode vir a ter a consistência e a credibilidade de um polo democrático e popular capaz te alcançar o êxito eleitoral.

A convergência de PT, PSB e PCdoB e outras legendas, uma vez concretizada — oremos para que aconteça — se constituiria em fato político novo, capaz de acenar à nação com a possibilidade real de saída para crise.

Será?

Ainda tem muito chão pela frente. Mas sonhos são possíveis, desde que sejamos capazes de viabilizá-los…

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